Flippers da B3: As ações que voaram alto e despencaram em 12 meses

No vaivém do mercado, algumas ações se destacam pelo comportamento extremo: primeiro, uma forte valorização que empolga investidores; depois, uma queda acentuada que deixa um rastro de prejuízos. Esse fenômeno, conhecido como flippers, marcou diversas ações da B3 ao longo dos últimos 12 meses.

Um levantamento da consultoria Elos Ayta identificou 15 ações que registraram ganhos superiores a 20%, entre 25 de março de 2024 e suas respectivas máximas, apenas para verem suas cotações derreterem pelo menos 20% desde então. O que essas ações têm em comum? Alta volatilidade, setores distintos e um apetite voraz por especulação.

O estudo revela que o setor de comércio foi o mais representado, com quatro empresas na lista: Americanas (AMER3), Lojas Renner (LREN3), Petz (PETZ3) e Grupo SBF (SBFG3). Em seguida, aparecem setores diversificados como mineração (CBA – CBAV3), eletroeletrônicos (Positivo – POSI3), alimentos e bebidas (BRF – BRFS3), além de energia elétrica, construção e têxtil.

Esse perfil setorial indica que a volatilidade não ficou restrita a um nicho específico, atingindo diferentes segmentos da economia. Outro ponto que chama atenção é que todas as 15 ações atingiram suas máximas em algum momento de 2024, confirmando que foi um ano propício para especulação e fortes oscilações no mercado de renda variável.

O pêndulo da rentabilidade nas ações

A ação mais emblemática do levantamento foi Ambipar (AMBP3). Em 13 de dezembro de 2024, a empresa atingiu impressionantes 1.595,14% de valorização frente ao preço de março de 2024. No entanto, desde o topo, as ações desabaram 55,1%, reduzindo drasticamente os ganhos de quem comprou no auge da euforia.

Outras empresas que chamaram atenção foram CBA (CBAV3) e BRF (BRFS3), que valorizaram mais de 80% antes de devolverem cerca de 35% de seus ganhos. Já Light (LIGT3) registrou uma alta expressiva de 59,85%, seguida de uma queda superior a 35%.

Apesar da forte volatilidade, cinco dessas 15 ações ainda apresentam rentabilidade positiva no acumulado dos últimos 12 meses. Entre elas, destaque para Marcopolo (POMO4), Light (LIGT3) e CBA (CBAV3), que conseguiram sustentar parte dos ganhos obtidos no período.

O peso da volatilidade

O que caracteriza os flippers é a volatilidade extrema. Enquanto o Ibovespa apresentou uma volatilidade de 14,05% no período analisado, todas as ações do levantamento tiveram oscilações bem superiores. Americanas (AMER3) liderou o ranking, com impressionantes 175,2% de volatilidade, seguida por Ambipar (AMBP3), com 112,29%.

No geral, a volatilidade média dessas ações ultrapassou 50%, um patamar que reforça o caráter especulativo e de alto risco desse grupo de ativos. Para investidores que buscam previsibilidade, essas ações podem ser verdadeiras montanhas-russas emocionais e financeiras.

O fenômeno dos flippers reforça a importância de uma análise criteriosa antes de investir em ativos com fortes oscilações. A promessa de ganhos rápidos pode ser sedutora, mas o risco de perdas expressivas é uma realidade.

O mercado de 2024 mostrou que até mesmo ações de setores tradicionais podem entrar nesse ciclo de euforia e correção, exigindo cautela e estratégia dos investidores. Para quem acompanha a B3 de perto, a lição é clara: valorização expressiva em pouco tempo nem sempre indica uma tendência sustentável. Como sempre, no mercado financeiro, o que sobe rápido demais pode cair na mesma velocidade.

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