Filosofia popular: a história de “A Tábua de Esmeralda”, disco de Jorge Ben Jor que trouxe mais complexidade para a MPB

Meus Discos, Meus Amigos: Jorge Ben Jor,
Imagens: Divulgação

Nos momentos mais duros da ditadura militar no Brasil, os artistas precisavam buscar saídas criativas para driblar a censura e entregar mensagens de força ao povo, e foi nesse contexto que Jorge Ben Jor criou talvez o álbum mais criativo da nossa história.

Em 1974, então com 35 anos, o compositor mais irreverente da MPB mergulhou em livros de filosofia, ciência e especialmente alquimia, tema que deslumbrava a juventude dos anos 60 e 70 e que mais tarde seria explorado também por Raul Seixas e o escritor Paulo Coelho.

Jorge uniu esse tema com outros que já eram marcantes em sua obra, como o orgulho negro e a exaltação à alegria, e assim nasceu A Tábua de Esmeralda, disco considerado um dos 10 melhores da música brasileira em todos os tempos pela revista Rolling Stone.

Pra comemorar o aniversário do cantor, que completa 86 anos neste mês de março, esse será o nosso amigo de hoje! Vamos relembrar os bastidores e curiosidades desse disco tão querido?

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A brilhante carreira de Jorge Ben Jor nos anos 1970

Àquela altura, Jorge Ben já tinha 10 álbuns lançados com sua mistura única de samba, rock, soul, bossa e maracatu. O mais recente deles era 10 Anos Depois (1973), em que ele fez pot-pourris de 21 sucessos de sua autoria, incluindo “Chove Chuva”, “Que Maravilha”, “País Tropical”, “Fio Maravilha” e “Taj Mahal”.

Além de serem clássicos na voz de Jorge, essas e outras músicas dele já tinham sido regravadas por gigantes da nossa música como Gil e Caetano, Elis Regina, Maria Bethânia, Gal Costa, Marcos Valle, Erasmo Carlos e Wilson Simonal (tava ruim de intérpretes, né?!)

Mas Ben Jor queria mais, e decidiu fazer um álbum complexo com base em textos filosóficos do teólogo italiano Tomás de Aquino, do escritor russo Fiódor Dostoiévski e principalmente o “manifesto alquimista” da figura mítica Hermes Trismegisto.

Um ano antes, Jorge tinha vivido uma experiência mística ao lado de Gilberto Gil em Paris, quando eles visitaram a antiga casa do alquimista Nicolas Flamel – o mesmo que estampa a capa de A Tábua de Esmeralda.

Melhores músicas de A Tábua de Esmeralda, de Jorge Ben Jor

Um verdadeiro time de estrelas foi convocado para gravar o disco. Com lançamento pela Philips, ele teve produção de Paulinho Tapajós (famoso por trabalhos com Gonzaguinha, Alcione e Beth Carvalho), Dadi Carvalho no baixo, Pedrinho Batera na bateria e arranjos do pianista Osmar Milito.

A abertura do álbum com “Os Alquimistas Estão Chegando” dá o tom da viagem: uma mistura de suíngue e espiritualidade, com uma letra que parece anunciar um novo tempo.

Na sequência vem a divertida “O Homem da Gravata Florida” e a misteriosa “Errare Humanum Est”, que usa frases em latim para falar sobre a origem cósmica do homem.

O maior sucesso do disco vem logo na quarta faixa, “Menina Mulher da Pele Preta”, uma exaltação da beleza negra que, aliás, também é o tema da incrível “Magnólia”.

Vale destacar que o trabalho de 1974 marcou a última vez que Jorge Ben Jor tocou seu tradicional violão num álbum. Nos discos e shows seguintes ele passou a usar a guitarra, para atingir os timbres que mais gosta.

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O legado do álbum de Jorge Ben Jor que aproximou MPB do misticismo

A Tábua de Esmeralda se tornou referência para várias gerações de artistas de todos os estilos, passando por Mano Brown, Emicida e Liniker, e continua sendo descoberto por jovens ouvintes.

Atualmente, Jorge Ben Jor tem mais de 3 milhões de ouvintes mensais só no Spotify. “Menina Mulher da Pele Preta” está entre as mais tocadas do cantor com 45 milhões de plays, “Os Alquimistas Estão Chegando” já passa de 25 milhões, e “Magnólia” e “Errare Humanum Est” somam mais de 10 milhões cada.

Aos 86 anos, o artista carioca segue na ativa como atração principal em vários festivais no Brasil e pelo mundo, e desejamos que ele siga assim por muito tempo.

Ouça abaixo todas as faixas desse álbum histórico!

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