Do improviso à maturidade, Dudu fala sobre sua jornada no rap nacional: “entender o passado para construir o futuro”

Dudu
Foto: @youknowmyface

No olhar atento de quem cresceu entre versos improvisados e realidades que exigem resiliência, Dudu se fez nome e voz na cena do rap nacional. O capixaba, que desde os 10 anos transformou as batalhas de rima em trincheiras de aprendizado, hoje carrega em sua arte o peso de quem soube se reinventar e amadurecer sem perder a essência.

Em novembro do ano passado, ele lançou seu quarto álbum de estúdio, Escolhas e Reflexos, um projeto que transcende a música para se tornar um manifesto pessoal. “Foi um passo para enteder o passado e conseguir construir o futuro. Como a gente vai olhar para o que está vindo sem entender nossas atitudes do passado?”, questiona o rapper, refletindo sobre a construção de sua identidade através das experiências vividas e dos caminhos trilhados.

A jornada de Dudu pelo hip hop é também a história de um garoto que encontrou na cultura um espelho e um abrigo. “Rap sempre foi minha paixão. Eu comecei nas batalhas e foi o meu grande amor por muitos anos. Tudo que eu tenho, devo a isso”, diz.

As batalhas como escola

O cenário das batalhas de MCs mudou drasticamente ao longo dos anos. Se antes eram apenas arenas informais onde jovens testavam suas habilidades e afiavam suas rimas, hoje se tornaram verdadeiros espetáculos que movimentam grandes públicos e atraem investimentos.

Dudu, que viu esse movimento de dentro, entende essa transformação como um reflexo da profissionalização do rap no Brasil.

“A batalha era um lugar de preparo, de aprendizado, de crescimento. Agora, quem entra já sabe que ali pode se tornar um nome grande, que pode mudar de vida, e isso muda completamente a dinâmica.”

As disputas de rima, que um dia foram apenas espaços de aprimoramento, hoje são mercado, business, vitrine.

“Agora esses espaços têm vida própria, visibilidade própria, dinheiro próprio. Hoje, a batalha prepara mais pro lado profissional do que pro artístico.”

As transformações de Dudu

Se os versos improvisados moldaram seu talento, os álbuns construíram sua identidade. “Cada disco reflete um momento diferente da minha vida”, afirma. Desde Acídia, que nasceu de um período caótico e repleto de incertezas, até 2002, onde ousou trazer mais versatilidade, Dudu foi se lapidando. Mas foi em Escolhas e Reflexos que sua maturidade atingiu um novo patamar.

“Foi um momento que questionei sobre o hip hop, sobre mim mesmo. Qual é a minha posição na cena? Qual é minha importância para o meu estado, para minha família? Escolha e Reflexos é uma dança entre o luxo e essa realidade crua, tá ligado? Porque querendo ou não, todo mundo é ser humano. Todo mundo vai sentir fome e também sente dúvida e frustração. Mas o que você faz com esse sentimento é o que vai refletir no seu futuro. E eu aprendi que a inércia não leva a lugar nenhum”.

Cada fase trouxe consigo um aprendizado, e essa transição se reflete tanto na sonoridade quanto na postura do artista. Se no começo sua música era movida apenas pela urgência da juventude, hoje ela carrega camadas mais profundas de reflexão e experiência.

“Quando você começa cedo, o amadurecimento acontece rápido. Mas também vem a responsabilidade, as expectativas, a necessidade de se manter relevante. Não é só sobre rimar bem, é sobre saber quem você é e o que quer dizer. A gente é transformado em empresa muito cedo e não é fácil.”

A dança entre luxo e realidade crua se torna visível em “Quarto 28”, seu mais recente clipe, que traduz em imagem o amadurecimento musical e pessoal do rapper.

“Esse som é muito especial para mim, não só pela participação do MC Davi e do Menor MC, mas pelo cuidado na produção. Estamos trazendo um tom mais sério e maduro para nossas músicas e clipes.”

Ouça a seguir!

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