
As imagens estão entre dados de estudo inédito. Os pesquisadores analisaram informações coletadas ao longo de 15 anos em 22 áreas protegidas e identificaram 6.389 animais. Pesquisadores conseguem estimar população de onças-pintadas na Amazônia
Pesquisadores conseguiram estimar a concentração de onças-pintadas em áreas protegidas da Amazônia.
São as câmeras de movimento instaladas na mata que garantem a sequência de informações e o monitoramento do maior felino das Américas. As imagens, captadas remotamente, estão entre os principais dados de um estudo inédito no bioma amazônico do Brasil e de mais três países. Os pesquisadores analisaram informações coletadas ao longo de 15 anos em 22 áreas protegidas e identificaram 6.389 animais.
“Esas pintas, essas rosetas, elas servem como impressões digitais nos seres humanos. Então, cada indivíduo de onça-pintada tem um padrão único”, explica o biólogo Guilherme Costa Alvarenga.
O artigo foi publicado na revista científica holandesa “Biological Conservation”, referência em pesquisas ambientais. Vinte e três organizações científicas, entre elas o Fundo Mundial para a Natureza (WWF Brasil) e o Instituto Mamirauá, colaboraram com informações.
O estudo traz uma estimativa positiva da densidade populacional dessas onças nas áreas protegidas. A média é positiva: cerca de três animais por 100 km². Mas houve uma variação de mais de 20 vezes entre os locais pesquisados. Enquanto a Reserva Biológica de Cuieiras registra aproximadamente uma onça-pintada por área territorial, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá tem a maior quantidade: quase 10 onças, mesmo com a floresta submersa em boa parte do ano.
“Esse é um dos poucos lugares em que a onça é forçada a viver em um ambiente que é alagado quasr que seis meses por ano. É surpreendente, quase exótico, o fato de que um lugar que apresenta todas essas dificuldades para a onça também é um lugar que tem tantas onças, tantos indivíduos conseguiram vencer essa barreira”, diz Jorge Menezes, líder do Grupo deConservação de Felinos e Instituto Mamirauá.
Fotografias ajudam a medir a população de onças pintadas na Amazônia
Jornal Nacional
De acordo com os pesquisadores, a principal explicação para a diferença na concentração de onças por território no Amazonas tem relação com a quantidade de alimentos que a própria floresta oferece. As onças-pintadas estão no topo da cadeia alimentar, são predadores que desenvolvem um papel regulador no ecossistema.
“A Amazônia é coberta por 54%, 55% de área protegida e terra indígena. Então, se em um pedacinho tão pequeno a gente conseguiu mostrar que tem tanta onça, você imagina o papel importantíssimo que as áreas protegidas e as terras indígenas têm para a proteção dessa espécie e, por consequência, de toda a biodiversidade que está debaixo desse guarda-chuva?”, afirma o biólogo Guilherme Costa Alvarenga.
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