Norte lidera com os piores índices de feminicídios e violência contra mulheres no Brasil

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De acordo com o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (RASEAM) 2025, lançado pelo Ministério das Mulheres em março, o Brasil registrou, em 2024, 1.450 feminicídios, 2.485 homicídios dolosos de mulheres e lesões corporais seguidas de morte.

O estudo registrou uma redução de 5,1% em relação a 2023, quando foram registrados 1.438 feminicídios e 2.707 homicídios dolosos e lesões corporais seguidas de morte.

Em relação aos estupros, o Brasil registrou 71.892 casos em 2024, o equivalente a 196 estupros por dia, uma queda de 1,44% em relação ao ano anterior, quando foram registrados 72.836 casos.

Índices da Região Norte

Embora o número de feminicídios tenha diminuído levemente em relação ao ano anterior, a Região Norte continua a apresentar as piores taxas em alguns aspectos:

Feminicídios: A Região Norte tem a pior taxa de feminicídios do país. Apesar da diminuição no número absoluto, a taxa de feminicídios na região permanece elevada, refletindo a persistente violência letal contra mulheres (RASEAM-2025).

Mortalidade materna: A mortalidade materna na Região Norte foi a mais alta do Brasil, com 69,4 mortes por 100 mil nascidos vivos. Em comparação, as Regiões Sudeste e Sul apresentaram taxas de 46,9 e 36,1 mortes, respectivamente (RASEAM-2025).

Maternidade precoce: A taxa de maternidade na adolescência na Região Norte também é a mais alta do país, com 18,2% das mulheres entre 15 e 19 anos tendo filhos, a maior porcentagem entre as regiões brasileiras (RASEAM-2025).

Incidência de HIV: A Região Norte teve a maior taxa de incidência de HIV entre as mulheres, com 16,4 casos por 100 mil mulheres, representando um aumento em relação ao ano anterior (RASEAM-2025).

Execução das políticas públicas e desafios regionais

Embora as políticas públicas voltadas para a proteção das mulheres, como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, tenham sido implementadas, o relatório aponta que a execução dessas leis ainda é desigual, especialmente na Região Norte.

A falta de recursos e a escassez de unidades de acolhimento e delegacias especializadas dificultam a proteção e o atendimento eficaz às mulheres em situação de violência na região.

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, comentou os números do relatório, destacando que a redução nos casos de violência de gênero é reflexo dos esforços contínuos das políticas públicas, das mobilizações nacionais e do crescente debate sobre a urgência de intervir mais rapidamente nos casos de violência.

“Isso significa que alguém está intervindo antes que o fato aconteça, que alguém está tomando uma iniciativa. É disso que nós precisamos: de uma sociedade que não se cale, que não diga que isso é só responsabilidade do Estado. Prioritariamente, é do Estado, mas é de toda a sociedade o papel de intervir, de ligar, de orientar e de falar sobre.”

Desigualdade salarial e representatividade política

O estudo também revela que as mulheres negras e indígenas continuam a ganhar, em média, 35% a menos do que os homens brancos.

No mercado de trabalho, a Região Norte segue enfrentando desafios em termos de acesso a empregos formais e remuneração, com uma desigualdade salarial expressiva, que agrava a vulnerabilidade das mulheres, especialmente as negras.

A participação política das mulheres também permanece limitada. Nas eleições de 2024, as mulheres representaram 35,4% das candidaturas, mas apenas 18,2% das eleitas foram para cargos de vereadora. Esses números indicam a baixa representatividade feminina nos espaços de decisão política.

Confira o relatório completo:

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