Como a quaresma influencia na alta do ovo?


Nesse período, os católicos costumam diminuir o consumo de carne vermelha, o que aumenta a demanda pelo produto. A alta de quase 20% no preço do ovo
O preço do ovo disparou em fevereiro e um dos motivos para isso é a Quaresma, os 40 dias que antecedem a Páscoa.
No cumulado dos 12 meses até fevereiro, o produto ficou 10,49% mais caro, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mas não foi só isso que impactou o aumento. O custo do milho, usado na ração das galinhas, e o calor intenso também influenciaram o valor.
Segundo produtores, o preço deve se normalizar até o fim da Quaresma. Nesse período, os católicos costumam diminuir o consumo de carne vermelha, o que aumenta a demanda por ovo. Por outro lado, economista aponta que a forte demanda pode continuar após esse período. Veja detalhes abaixo.
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Efeito Quaresma
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), é normal que o preço do ovo aumente antes e durante a quaresma, já que, nesse período, “há uma substituição do consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas e por ovos”.
Tabatha Lacerda, diretora administrativa do Instituto Ovos Brasil (IOB), diz que isso, de fato, costuma acontecer, mas que a alta de preço pré-Quaresma veio um pouco antes do esperado.
“O efeito da Quaresma demora um pouco para aparecer, então foi uma surpresa”, comenta Tabatha.
O IOB é uma organização sem fins lucrativos mantida por empresas e associações do setor.
A alta do preço em fevereiro fez com que houvesse uma pequena retração nas vendas de ovos no atacado, informa o Cepea.
No Espírito Santo, por exemplo, a quantidade menor de negociações criou uma pressão por descontos no estado. Contudo, a instituição acredita que a demanda voltará a crescer por causa da Quaresma, o que pode evitar uma redução significativa nos valores.
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Preço vai baixar depois da Quaresma?
Os produtores representados pela ABPA esperam que o preço do ovo se normalize até o fim da Quaresma.
Por outro lado, o analista da Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias diz que isso não é uma garantia. Isso porque, em sua avaliação, mais que o “efeito Quaresma”, o que tem sustentado a forte demanda por ovos é o aumento dos preços das carnes bovinas, de frango e suínas.
Quando a inflação desses alimentos aumenta, é comum que o consumidor opte pelos ovos.
“O que a gente precisa monitorar é o comportamento do mercado em relação às proteínas concorrentes. Se os preços da carne bovina, de frango, seguirem em patamares muito proibitivos, mesmo depois da Quaresma, nós ainda vamos perceber o mercado de ovos inflacionado”, diz Iglesias.
“Talvez o movimento de alta acabe perdendo intensidade, mas nós não vamos ver quedas abruptas de preço até porque a tendência deste ano é de menor produção de carne bovina”, destaca o analista do Safras.
Ainda sobre a demanda por ovos, Tabatha, do IOB, comenta que a instituição tem percebido que, ao longo dos últimos anos, a população tem optado mais pelo ovo como uma proteína básica. “Antes ele era só um acompanhamento”, destaca.
“A gente teve um aumento significativo de consumo nos últimos anos. Em 2023, por exemplo, o consumo foi de 242 unidades per capita (por pessoa), subindo para 269 unidades em 2024, com uma expectativa de alcançar 272 unidades por pessoa em 2025”, afirma.
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