Itaú corta projeção para inflação de 2025 e diz que riscos baixistas enfim superam altistas

O Itaú cortou a projeção para a inflação brasileira para o final de 2025 de 5,8% para 5,7%. A revisão reflete ajustes na dinâmica de alimentação no domicílio, especialmente em proteínas.

O economista-chefe Mario Mesquita diz que o nível elevado de abate de fêmeas sugere uma desaceleração na virada do ciclo do boi, enquanto a apreciação da moeda também impacta os preços. “Importante destacar que não incorporamos o repasse completo do câmbio mais apreciado”, pontua.

Em um contexto de hiato aberto e expectativas desancoradas, o repasse integral da depreciação de 2024 seria esperado, mas o banco destaca que ainda não se concretizou.

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Além disso, o economista afirma que, pela primeira vez desde setembro de 2024, não vê um balanço de riscos assimétrico para cima no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano.

“Os riscos de baixa – em função do efeito do câmbio mais apreciado impactando preços de industriais, alimentos e gasolina – superam os riscos de alta”, diz Mesquita.

Para 2026, o Itaú manteve a projeção de inflação em 4,5%. “O principal risco altista para esse horizonte
permanece sendo uma eventual desancoragem adicional das expectativas de longo prazo”, afirma.

No último Boletim Focus, os economistas consultados pelo Banco Central (BC) voltaram a elevar a estimativa para o IPCA do próximo ano para a casa dos 4,48% — acima da meta de 3%, mas ainda dentro do teto do intervalo de tolerância.

O que esperar do câmbio?

Após ter alcançado R$ 6,30 por dólar ao final de 2024, a moeda brasileira voltou a ganhar força nos primeiros meses do ano. “Esta apreciação foi impulsionada pelo aumento do diferencial de juros, e principalmente por um alívio no cenário internacional”, diz Mesquita.

No cenário externo, a tendência de fortalecimento global do dólar perdeu forças, em meio aos novos
estímulos fiscais na Zona do Euro e às incertezas geradas pela postura de Donald Trump em relação
às tarifas, que pode afetar negativamente o crescimento econômico dos Estados Unidos (EUA).

Com isso, o Itaú revisou a projeção para o câmbio de R$ 5,90 para R$ 5,75 por dólar no final deste e do próximo ano.

Por um lado, o economista do banco diz que o aumento do diferencial de juros e a expectativa de um dólar mais fraco contribuem para uma taxa mais apreciada. Por outro, essa apreciação tende a ser limitada pelo prêmio de risco brasileiro elevado diante das incertezas fiscais e pela deterioração recente observada nas contas externas.

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