Setor de saúde no Brasil enfrenta dilema entre crescimento financeiro e qualidade do serviço

O setor de saúde no Brasil enfrenta um momento de transformação impulsionado pela digitalização e pela necessidade de humanização no atendimento, segundo o levantamento “Panorama das Clínicas e Hospitais 2025”, realizado pela Doctoralia e Feegow.

A pesquisa ouviu 1.048 gestores de clínicas e hospitais de todas as regiões do país e revelou que, embora 69% das instituições já ofereçam telemedicina, 72% nunca mapearam a jornada dos pacientes, o que indica um desafio na adoção de estratégias para melhorar a experiência do público.

O estudo destacou que a humanização foi considerada a principal tendência para este ano, por 50% dos entrevistados.

No entanto, as prioridades do setor ainda estão voltadas para o crescimento financeiro, com 59% das instituições buscando aumentar o faturamento e 54% focadas em conquistar novos pacientes.

Essa disparidade entre intenção e prática se reflete na falta de investimentos estruturais para garantir um atendimento mais qualificado.

Um exemplo disso é que 66% das instituições aceitam planos de saúde, mas há um movimento crescente para ampliar o atendimento particular, visando maior rentabilidade.

A digitalização tem avançado, mas de forma desigual. Embora 59% das clínicas e hospitais utilizem sistemas de gestão pagos, um contingente significativo ainda adota ferramentas gratuitas ou soluções manuais, como planilhas e até mesmo agendas de papel.

Esse cenário contrasta com a necessidade crescente de otimização de processos e controle eficiente da produtividade.

A análise de relatórios automatizados, essencial para identificar gargalos e melhorar o fluxo de atendimento, já é realidade em 37% das instituições, mas 23% ainda fazem esse acompanhamento manualmente e 40% sequer monitoram indicadores de desempenho.

No marketing, o setor começa a se adaptar às novas normas do Conselho Federal de Medicina, que flexibilizaram a divulgação de serviços médicos. Ainda assim, o impacto dessas mudanças foi tímido, com poucos reflexos no investimento publicitário.

Atualmente, 71% das instituições aplicam recursos em estratégias de marketing, sendo o Instagram o canal mais utilizado, presente em 80% dos centros de saúde.

O WhatsApp também se consolidou como ferramenta essencial: 78% das clínicas confirmam consultas pelo aplicativo, e o mesmo percentual permite o agendamento por essa plataforma.

Apesar desse avanço, apenas 29% das instituições oferecem pagamento online e 21% possibilitam check-in digital, o que mostra que a digitalização ainda está concentrada nas etapas iniciais da jornada do paciente.

A pesquisa apontou que 32% das clínicas registram uma taxa de não comparecimento superior a 11%, o que compromete a produtividade e a receita.

Entre as estratégias adotadas para reduzir o absenteísmo, a automatização do envio de lembretes de consulta tem sido uma solução eficaz, mas ainda subutilizada.

O levantamento também revelou que a experiência do paciente está diretamente relacionada à percepção de qualidade dos serviços. Entre os critérios mais valorizados pelos pacientes ao escolher um profissional de saúde, destacam-se as avaliações online, a localização da clínica e a disponibilidade de horários.

O crescimento do setor de saúde no Brasil segue atrelado à busca por eficiência operacional e diferenciação no atendimento. Enquanto a humanização é apontada como tendência, o foco principal das instituições ainda está na ampliação da base de pacientes e no faturamento.

Confira a íntegra da pesquisa:

Panorama das Clinicas e Hospitais 2025Baixar

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