“Um Completo Desconhecido”, com Timothée Chalamet vivendo Bob Dylan, estreia no Brasil às vésperas do Oscar

Um dos artistas mais celebrados do nosso tempo e vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 2016 — horaria que ele fez questão de desdenhar ao não comparecer na cerimônia – Bob Dylan ganhou sua cinebiografia no ano passado e o filme, intitulado Um Completo Desconhecido, finalmente estreou nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (27).

O longa dirigido por James Mangold, responsável por obras como Ford vs Ferrari (2019) e Logan (2017), e indicado em oito categorias do Oscar 2025 compreende um período de quatro anos. Ele acompanha a jornada de um jovem Dylan em direção ao estrelato e revela traços de seu espírito rebelde, que, muita vezes, poderia soar incompreendido.

Para um papel tão representativo para a música mundial, o diretor escolheu o sempre competente Timothée Chalamet, que se dedicou ao personagem e aperfeiçoou tanto suas técnicas de canto como sua capacidade de dedilhar o violão.

Indicado ao Oscar de Melhor Ator, e com chances reais de levar o prêmio depois da vitória no SAG Awards 2025, realizado no último domingo (23), Chalamet impressiona pela sua versatilidade e talento único, embora seu sotaque em alguns diálogos de Um Completo Desconhecido pareça um pouco forçado.

Na principal categoria masculina de atuação no Oscar, vale lembrar, Timothée disputa o prêmio com Adam Brody, por O Brutalista, Ralph Fiennes, por Conclave, Sebastian Stan, por O Aprendiz, e Colman Domingo, por Sing Sing.

Um Completo Desconhecido mostra a ascensão de Bob Dylan

O roteiro escrito por Mangold e Jay Cocks (“Gangues de Nova York”), que também concorre ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado, se baseia no livro Dylan Goes Electric!, de Elijah Wald. O projeto explora em grande parte o relacionamento conturbado de Bob com a lendária cantora Folk Joan Baez, interpretada por Monica Barbaro, que garantiu sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.

Barbaro também canta lindamente no filme e deixa claro como Joan foi fundamental na história da música folk americana, assim como Pete Seeger, vivido por Edward Norton, mais um indicado ao Oscar (na categoria Melhor Ator Coadjuvante), ajudou Dylan durante sua chegada a Nova York.

O filme conta ainda com Scooty McNairy, que interpreta o cantor Woody Guthrie, cuja admiração de Bob o leva a sair de Minnesota aos 19 anos para mostrar ao astro, já doente e trancado em um hospital, a música que ele compôs para Woody.

O elenco é completado por Elle Fanning, que dá vida a Sylvie Russo, namorada de Dylan que nunca existiu na vida real e precisa lidar com a tensão sexual entre Bob e Joan; e Boyd Holbrook, que encarna um sensual Johnny Cash, com quem o protagonista troca algumas figurinhas.

Vale lembrar que o próprio Mangold já havia contado a história de Cash em Johnny & June (2005), que rendeu o Oscar de Melhor Atriz para Reese Whiterspoon, e uma indicação de Melhor Ator a Joaquin Phoenix, que perdeu a estatueta dourada para o saudoso Phillip Seymour Hoffman, por Capote.

No final das contas, Um Completo Desconhecido não vai entrar para o hall das grandes cinebiografias, mas agrada aos fãs de Bob Dylan que esperam nada mais que um mergulho na cena Folk dos anos 1960 com uma direção de arte primorosa e performances competentes ao microfone.

Cruzem os dedos!

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