Produção de borracha no AM gerou R$ 2,2 milhões para 500 famílias de seringueiros em 2024

A safra de borracha nativa da Amazônia em 2024 alcançou 160 toneladas, um crescimento de 23% em relação ao ano anterior.

A produção gerou R$ 2,2 milhões em renda para 500 famílias de seringueiros em seis municípios do Amazonas: Canutama, Itacoatiara, Pauini, Manicoré, Novo Airão e Eirunepé.

O fortalecimento da cadeia da borracha é visto como uma solução sustentável para manter a floresta em pé e garantir renda justa aos trabalhadores.

Só em janeiro, os seringueiros de Manicoré entregaram 40 toneladas de borracha à empresa Michelin, que utilizará a matéria-prima na fabricação de pneus.

O avanço é resultado do projeto “Juntos pela Amazônia – Revitalização da Cadeia Extrativista da Borracha”, que fortalece a economia local e contribui para a conservação da floresta.

A iniciativa é coordenada pelo WWF-Brasil em parceria com o Memorial Chico Mendes (MCM), Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Michelin e outras organizações.

Desde o início do projeto, em 2022, a produção de borracha tem crescido. Naquele ano, foram produzidas 65 toneladas. Em 2023, mesmo com uma seca severa, o volume dobrou para 130 toneladas.

Atualmente, a borracha produzida no Amazonas é enviada para beneficiamento na Bahia, devido à falta de uma usina local. Em fevereiro, foram enviados para a Bahia mais de 50 toneladas, encerrando a safra. 

Além do impacto econômico, o projeto ajudou a conservar mais de 145 mil hectares de floresta e gerou um impacto positivo em 1,3 milhão de hectares, envolvendo unidades de conservação na região.

A borracha nativa da Amazônia é considerada uma alternativa viável à economia baseada no desmatamento.

Muitos seringueiros, antes envolvidos em atividades como mineração, passaram a ver no extrativismo uma forma de trabalho que garante sustento sem destruir a floresta.

O Ciclo da Borracha no Amazonas

No final do século XIX e início do século XX, o estado do Amazonas destacou-se como o maior produtor mundial de borracha natural. Esse período, conhecido como Ciclo da Borracha, teve seu auge entre 1879 e 1912, impulsionado pela crescente demanda internacional por látex, matéria-prima essencial para a indústria em expansão na Europa e nos Estados Unidos.

A abundância da seringueira (Hevea brasiliensis) na região amazônica facilitou a extração do látex, transformando cidades como Manaus em prósperos centros econômicos e culturais.

A prosperidade gerada pela exportação da borracha atraiu investimentos estrangeiros e promoveu significativas transformações urbanas e sociais no Amazonas.

Manaus, por exemplo, experimentou um rápido crescimento populacional e urbano, com a construção de edifícios suntuosos e a implementação de serviços modernos, como energia elétrica e transporte público.

Entretanto, a partir de 1910, a concorrência da borracha cultivada em plantações no Sudeste Asiático, especialmente na Malásia, levou à decadência desse ciclo econômico na região.

A WWF-Brasil também disponibiliza o guia “Produção de FDL e FSA – Guia de Treinamento”, desenvolvido em parceria com o Laboratório de Tecnologia Química da Universidade de Brasília (Lateq/UnB), para orientar comunitários e ribeirinhos sobre a produção das borrachas FDL e FSA, que possuem maior valor agregado e podem ser comercializadas a preços mais altos.

Confira a íntegra do Guia de Treinamento – Produção de FDL e FSA:

guia_borracha_fdl_fsaBaixar

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