Calor intenso nas salas de aula prejudica aprendizado de estudantes, dizem especialistas


As altas temperaturas degradam os neurotransmissores, que são responsáveis pela comunicação entre os neurônios. Essa comunicação é o que dá origem à sinapse – a ferramenta que permite o acesso a novos conhecimentos. Calor extremo e salas sem ar condicionado desafiam estudantes em várias regiões do país
O calor intenso e a falta de ar condicionado nas salas têm desafiado estudantes em diferentes regiões do país.
A onda de calor está impactando a rotina das escolas em boa parte do Brasil. Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, os estudantes de uma escola estão sendo liberados mais cedo.
“O sol bate tudo na nossa cara, que as janelas não podem fechar, é um calor. Ruim, sinceramente”, diz o estudante Pedro Henrique Costa Faria da Silva.
“Me sinto fritando, o meu rosto queima. Ventilador não dá conta, que nem vapor. E alguns nem tão funcionando”, conta a estudante Maria Eduarda Cardoso Nunes.
No Rio Grande do Sul, 700 mil alunos da rede estadual começaram as aulas com três dias de atraso por causa das altas temperaturas.
Calor intenso nas salas de aula prejudica aprendizado de estudantes, dizem especialistas
Jornal Nacional/ Reprodução
Especialistas afirmam que a partir de 38ºC de temperatura ambiente, a capacidade de aprendizagem dos alunos fica comprometida. Raciocínio, memorização dos conteúdos, compreensão do que está sendo passado em sala de aula diminuem muito. E se a temperatura for ainda maior do que esta, as sequelas podem ser ainda mais graves.
“Se forem temperaturas muito altas, aí sim, aí você pode ter comprometimento irreversível e a longo prazo. Você pode ter morte até de neurônios se as temperaturas forem extremas, forem muito altas, acima de 42ºC, 45ºC. Isso pode ser em torno de uma hora, duas horas, você já pode ter comprometimento dessas células nervosas”, afirma Luiz Gustavo Dubois, coordenador do Programa de Neurociência do ICB/UFRJ.
As altas temperaturas degradam os neurotransmissores, que são responsáveis pela comunicação entre os neurônios. Essa comunicação é o que dá origem à sinapse – a ferramenta que permite o acesso a novos conhecimentos.
Um levantamento do Centro de Inovação para a Excelência das Políticas Públicas mostra que 66% das escolas públicas no Brasil não têm ar condicionado. Já nas escolas privadas, esse percentual é de 52%.
“Não entendi nada da matéria, muito quente. A maioria das vezes a gente tem que ficar para fora de sala por causa do calor. Muito quente”, diz a estudante Letícia Vitória Cavalcante.
“Como é que a criança vai estudar? Uma sala com mais de 30, 35 alunos, adolescentes. Já estão com um calor à flor da pele, nesse calor de 40ºC. Insuportável”, diz a dona de casa Érika Fernandes Cardoso Nunes.
A Secretaria de Educação do Estado do Rio declarou que a escola mostrada na reportagem está passando por uma readequação elétrica para instalação de aparelhos de ar condicionado.
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