Se o clima continuar esquentando, o café vai virar artigo de luxo, alertam pesquisadores

Um estudo conduzido por pesquisadores da Embrapa e da Universidade Estadual de Campinas revelou que as mudanças climáticas podem ter um impacto devastador sobre o zoneamento agroclimático do café no Brasil.

De acordo com simulações baseadas em projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o aumento das temperaturas pode reduzir drasticamente as áreas aptas para o cultivo do café arábica nos estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

Os pesquisadores analisaram os efeitos de diferentes cenários de aumento de temperatura, variando de 1ºC a 5,8ºC, combinados com um incremento de 15% na precipitação pluvial.

Os resultados indicaram que um aumento de 5,8ºC poderia levar a uma redução de mais de 95% das áreas aptas para cultivo nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo. No Paraná, essa redução seria de 75%.

O estudo destaca que a cultura do café arábica prospera em temperaturas médias anuais entre 18ºC e 23ºC. Com o aumento da temperatura, a evapotranspiração das plantas se intensifica, causando maior déficit hídrico e exigindo mais irrigação para manter a produtividade.

Além disso, temperaturas superiores a 34ºC podem provocar o abortamento das flores, reduzindo a produção.

Em Goiás, a maior parte do estado se tornaria inapta para o cultivo do café arábica caso ocorra um aumento de temperatura de 3ºC ou mais.

Atualmente, a irrigação é essencial para viabilizar a produção, mas essa estratégia se tornaria insuficiente no cenário mais extremo.

Tradicionais estados produtores de café estão na rota do calor

Em Minas Gerais, a cultura do café ficaria restrita a áreas montanhosas de difícil manejo. O número de municípios aptos para o cultivo diminuiria drasticamente, afetando a produção do maior estado produtor de café do país.

Em São Paulo, no cenário de 5,8ºC de aumento, mais de 96% do estado se tornaria inapropriado para a cultura do café, restando apenas algumas áreas de altitude elevada.

No Paraná, a produção de café seria deslocada para o sul do estado, mas a maior precipitação poderia afetar a qualidade do grão.

Os pesquisadores alertam que o aquecimento global poderá comprometer a viabilidade econômica da cafeicultura tradicional e ressaltam a necessidade de estratégias de adaptação, como o desenvolvimento de cultivares mais resistentes ao calor e investimentos em técnicas de mitigação dos efeitos climáticos.

O aumento da temperatura reduzirá drasticamente a área apta para o cultivo do café arábica no Brasil.

O deslocamento das áreas produtivas para regiões montanhosas trará desafios logísticos e de manejo. O investimento em pesquisas para novas variedades de café mais tolerantes ao calor será essencial para a sustentabilidade da produção.

Medidas para redução do impacto ambiental, como práticas de sequestro de carbono, devem ser incentivadas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas sobre a agricultura.

Com base nessas projeções, o estudo reforça a urgência de políticas públicas e estratégias privadas voltadas para a adaptação da cafeicultura brasileira às novas condições climáticas.

Confira o estudo completo:

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