GPA (PCAR3) cai mais de 6% após JP Morgan cortar recomendação para venda

As ações do GPA (PCAR3), dona das redes de supermercados Pão de Açúcar e Extra, estão entre os destaques negativos do Ibovespa (IBOV) nesta terça-feira (18). O JP Morgan rebaixou a classificação da varejista de alimentos para venda, tendo em vista uma geração de caixa desafiadora, mesmo em meio as melhorias operacionais da empresa.

Às 12h45 (horário de Brasília), PCAR3 recuava 6,05%, a R$ 2,95. Acompanhe o tempo real.

Nesta terça, após o fechamento do mercado, a companhia divulga seu balanço do quarto trimestre de 2024.

Segundo Joseph Giordano e equipe, analistas que assinam o relatório, o avanço no resultado operacional do GPA é apoiado pela revisão do sortimento e operações mais simplificadas. No entanto, embora esperem melhorias contínuas na lucratividade ao longo de 2025, a geração de caixa e alavancagem preocupam.

Para o ano, o JP Morgan estima uma margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustada, que mensura o potencial de geração de caixa operacional, atingindo cerca de 9,5%.

Há ainda a preocupação com o cenário da taxa de juros, que configura maiores desafios para o setor varejista em sua totalidade. Vale lembrar que a Selic está em 13,25%, com mais uma alta de 1 ponto percentual, para 14,25%, contratada para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em março.

“Nesta frente, a empresa tem falado abertamente sobre racionalizar sua pegada, potencialmente fechando/desinvestindo de lojas nas regiões Norte e Nordeste, que têm poucas sinergias com sua pegada principal em São Paulo”, dizem os analistas.

No entanto, o JP Morgan não visualiza nenhum ativo considerável que possa ser prontamente vendido para melhorar a alavancagem de forma relevante.

Além disso, os analistas ponderam que não há razões suficientes para acreditar que uma potencial fusão do GPA com a Dia melhoraria suas operações ou balanço.

Varejo de alimentos sobe, mas não convence JP Morgan

Os analistas do JP Morgan comentam que o varejo de alimentos brasileiro tem tido um grande desempenho desde o início do ano, com ações subindo entre 15% e 38%, ante o desempenho positivo de  7% do Ibovespa.

Contudo, para eles, esse desempenho não é motivado por melhorias nos fundamentos do setor, mas sim um abrandamento da curva de juros e a alta alavancagem da maioria dos participantes, exceto Grupo Mateus (GMAT3).

A mensagem dos analitas é de cautela com o setor, tendo no radar:

  • Desaceleração na margem da inflação de alimentos. O banco prevê que ela atinja cerca de 6,5% até meados do ano (ante 8% no 4T24), potencialmente tirando alguns ventos favoráveis ao SSS (vendas de mesma loja, em português) e à alavancagem operacional.
  • Com a provável deslistagem do Carrefour Brasil, pode haver uma deterioração adicional no ambiente competitivo, pintando um quadro pior para o Assaí, que está focado na desalavancagem e com força comercial limitada.

“Assim, neste contexto de altas taxas, preferimos ficar com o Grupo Mateus (GMAT3), que deve continuar a mostrar o melhor momento operacional e tem um balanço patrimonial não alavancado”, dizem.

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