Brasil fatura pouco com fitoterápicos enquanto mercado global movimenta bilhões

O Brasil tem potencial para liderar o desenvolvimento de soluções fitoterápicas, mas sua participação no mercado global ainda é mínima.

Enquanto esse setor movimentou US$ 216,4 bilhões em 2023, o país gerou apenas 0,1% desse valor em 2022, faturando US$ 173 milhões. A dependência de importação revela uma lacuna na exploração sustentável da biodiversidade nacional.

No Congresso Nacional, parlamentares e representantes do governo federal discutem estratégias para fortalecer a produção de fitoterápicos, conciliando o potencial da floresta com o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental.

Um dos maiores desafios é ampliar a cadeia produtiva de plantas medicinais, garantindo a inclusão social de agricultores familiares e ribeirinhos, essenciais para o fornecimento da matéria-prima.

A bioeconomia já se consolida como um dos principais vetores econômicos do Amazonas, aliando a biodiversidade à sustentabilidade.

O incentivo ao uso de plantas medicinais e bioativos da floresta pode gerar emprego, renda e oportunidades para comunidades tradicionais, além de impulsionar uma indústria nacional competitiva no mercado global.

Fitoterápicos: um mercado em expansão

Buscando reverter esse cenário, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) propôs a implantação de estações de processamento de plantas medicinais em assentamentos da agricultura familiar.

A ideia é que comunidades locais possam processar e beneficiar plantas amazônicas para abastecer tanto o Sistema Único de Saúde (SUS) quanto a iniciativa privada. Isso permitiria o crescimento de uma indústria de fitoterápicos, cosméticos e bioativos, criando um modelo econômico sustentável na região.

Investimentos e desafios para consolidar a bioeconomia

Cada estação de beneficiamento está orçada em cerca de R$ 1 milhão, mas a implementação esbarra na falta de financiamento.

Para viabilizar o projeto em 13 estados, a Fiocruz busca parcerias com os ministérios do Desenvolvimento Social, Desenvolvimento Agrário e Saúde, além da Fundação Banco do Brasil e da Câmara dos Deputados.

A coordenadora-geral de formação e fomento à assistência técnica e extensão rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Regilane Fernandes, reconhece as limitações orçamentárias e destaca a necessidade de apoio legislativo para assegurar recursos para a agricultura familiar.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag) também se mobiliza para fortalecer o programa.

Segundo a secretária de políticas sociais da entidade, Edjane Rodrigues, a iniciativa valoriza o conhecimento tradicional e fortalece a independência econômica das comunidades ribeirinhas, com especial atenção para o trabalho das mulheres no setor.

Desenvolvimento sustentável e geração de renda no Amazonas

O incentivo à bioeconomia baseada na floresta cria oportunidades reais para a economia do Amazonas, garantindo que o crescimento ocorra de forma sustentável e socialmente inclusiva.

O setor de bioativos pode transformar a realidade de milhares de ribeirinhos, promovendo um modelo de desenvolvimento que preserva a floresta e fortalece a economia local.

A expectativa é que, com políticas públicas adequadas e investimento no setor, o Amazonas se consolide como um polo de bioeconomia no Brasil e no mundo, utilizando sua biodiversidade para promover inovação, pesquisa e desenvolvimento sustentável.

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