Teto da igreja de Nossa Senhora da Conceição no Recife já desabou há mais de 20 anos; relembre outros acidentes no local


Desabamento aconteceu em junho de 2002, sem feridos. Acidente na sexta-feira (30), no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, deixou dois mortos e 25 feridos. Teto da igreja de Nossa Senhora da Conceição no Recife já havia desabado em 2002
O desabamento do teto do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, que aconteceu na sexta-feira (30) e deixou dois mortos e 25 feridos, não foi o primeiro acidente ocorrido no local. O teto dessa igreja localizada na Zona Norte do Recife, havia desabado em 2002 durante uma demolição (veja vídeo acima). O templo religioso teve outros problemas e acidentes, como mostra um levantamento da TV Globo.
O Santuário de Nossa Senhora da Conceição, na Zona Norte do Recife, começou a se consolidar como lugar de contemplação à imagem de Nossa Senhora em 1904, quando, no mês de dezembro, a imagem da santa chegou ao morro, no bairro de Casa Amarela. A imagem de 3,5 metros, pesando 1.840 quilos, veio da França de navio e foi restaurada duas vezes em 120 anos: em 2001 e em 2014.
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O primeiro espaço de celebrações foi a torre, localizada em frente ao templo atual, construída em 1906, e substituída apenas na década de 1970. Ao todo, quatro igrejas foram erguidas no Morro da Conceição desde 1904. A primeira, era uma capela, inaugurada em 1974 pelo então arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara.
Até o final dos anos 1980, um grande pátio separava o monumento da igreja e deixava a interação entre os fiéis e a santa mais distante. No início da década de 1990, o governo de Pernambuco pagou uma reforma no templo que custou 23 milhões de cruzeiros – a moeda vigente no Brasil da época. Atualizado para os valores atuais, o valor seria de R$ 1,6 milhão, em valores corrigidos pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGPM), da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Imagem de arquivo mostra a igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Recife, em junho de 2002
Reprodução/TV Globo
A partir de então, a festa em homenagem a Nossa Senhora da Conceição ganhou outra repercussão e novas questões se apresentaram em relação ao templo e às obras de conservação. Confira uma linha do tempo sobre as obras no Santuário de Nossa Senhora da Conceição:
A primeira festa realizada depois da reforma aconteceu em 1992. Neste ano, pela primeira vez foi permitido que os fiéis tocassem a imagem da santa;
Em 1993, Frei Damião celebrava missas numa igreja bem menor, feita de tijolos, sem revestimentos nas paredes. Ainda era possível subir as escadas até os pés da imagem;
Nos anos 2000, o templo foi interditado porque o teto apresentava riscos;
Em junho de 2002, o telhado desabou durante a demolição. Cinco homens trabalhavam na laje no momento da queda. Eles ouviram um barulho e correram;
O telhado da antiga capela foi retirado em abril de 2007;
A antiga igreja foi demolida 12 dias antes do início da festa do morro de 2007, quase ao mesmo tempo em que a construção da nova igreja começou;
Antes do início da obra, o projeto do novo templo foi alterado pela prefeitura do Recife, que reduziu a altura do teto de 12 para 9 metros;
A prefeitura justificou as mudanças como medidas de segurança para quem frequentasse o local;
A construção foi concluída oito meses depois. As estruturas instaladas foram pré-moldadas e, durante a obra, as missas foram celebradas num espaço improvisado ao ar livre;
O novo santuário foi inaugurado em 8 de agosto de 2008, com capacidade para mil pessoas sentadas;
O templo tem acabamento em granito e paredes de vidro na entrada, nas laterais e por trás do altar, que permitem a visão da imagem da santa de todos os ângulos, dentro e fora do espaço.
A obra custou R$ 2,7 milhões, valor doado por empresas particulares;
Com o novo modelo arquitetônico, a igreja ficou perto da imagem de Nossa Senhora. A torre original foi mantida na frente da nova construção;
Treze anos depois, em 2021, o teto da nova igreja apresentou infiltração e parte da estrutura enferrujou;
Parte do gesso superior caiu e foi necessário isolar o espaço para evitar acidentes. O telhado da torre também apresentou os mesmos problemas;
Em 2024, o santuário de Nossa Senhora da Conceição passou por outra reforma. Desta vez, foram instaladas placas para geração de energia solar que ajudariam na climatização do interior da igreja.
A instalação das placas solares foi concluída poucos dias antes do desabamento do teto da igreja, na sexta-feira (30), que deixou duas pessoas mortas e 25 feridas.
Investigações sobre o desmoronamento
Defesa Civil inicia retirada de destroços após queda do teto da igreja do Morro da Conceição
Everaldo Silva/TV Globo
O laudo pericial sobre as causas do desabamento do telhado do Santuário de Nossa Senhora da Conceição deve levar cerca de 30 dias para ser concluído, de acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS). Quando a estrutura desabou, na tarde da sexta-feira (30), cerca de 70 pessoas aguardavam a distribuição de cestas básicas no local. Duas pessoas morreram e 25 ficaram feridas.
Uma das dificuldades enfrentadas pelos peritos é a quantidade de entulhos no interior do templo. Para remover os destroços, uma empresa terceirizada foi contratada pela prefeitura do Recife. O serviço é acompanhado pela Defesa Civil e a intenção é preservar ao máximo o que restou da igreja.
“A gente vai entrar com máquinas, fazer uma retirada bem planejada. Juntamos toda a equipe técnica de engenharia, analisamos as possibilidades e viabilidades melhores para fazer essa remoção. […] também para evitar mais danos ainda na parte estrutural da igreja”, disse Cássio Sinomar, secretário de Defesa Civil do Recife.
A principal hipótese é que a recente instalação de placas solares no telhado da igreja seja uma das causas do desabamento. Ao todo, 130 placas de energia solar foram instaladas, com aproximadamente 30 quilos cada uma. Ou seja, um peso de quase quatro toneladas.
No sábado (31), peritos da Polícia Científica encontraram parafusos rompidos, quebrados ao meio, que sustentavam a estrutura metálica na qual as placas estavam instaladas.
Em nota enviada ao g1 ainda na sexta, a empresa que instalou os equipamentos, a SunBrasil, disse que tinha laudo estrutural autorizando a obra e apontou que, na data do acidente, havia um aviso meteorológico informando “força excessiva dos ventos”.
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A Sun Brasil também manifestou pesar e disse que “está atuando firmemente para esclarecer as circunstâncias e razões do acidente, prestando o máximo de apoio” e “à disposição da igreja e das famílias enlutadas”.
Questionado pelo g1 sobre a linha oficial de investigação e quais os próximos passos da apuração, a Secretaria de Defesa Social disse que:
Após a instauração do inquérito policial, pela Polícia Civil, a Delegacia do Vasco da Gama, responsável pelas investigações realizou as primeiras oitivas;
Mais informações serão repassadas, sempre que possível, visando não atrapalhar o trabalho investigativo;
Um perito criminal, do Instituto de Criminalística (IC), retornou ao local neste sábado (31) para prosseguir com as perícias;
O prazo previsto para finalização do laudo é de 30 dias, podendo ser prorrogado por igual período;
O IC vai retornar ao local para dar prosseguimento com a realização da perícia, após a retirada dos entulhos.
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