Mãe de Isabella Nardoni presta apoio à fonoaudióloga baiana que denunciou ex-marido por violência sexual contra filha de 3 anos


Caso veio a público em julho deste ano, quando Tamires Reis publicou um vídeo com as acusações nas redes sociais. Caso é investigado pela polícia e pai da criança nega as acusações. A Justiça determinou que o homem visite a filha somente na presença de terceiros. Mãe de Isabella Nardoni presta apoio à fonoaudióloga baiana
A mãe de Isabella Nardoni, Ana Carolina Oliveira, publicou um vídeo em apoio a fonoaudióloga Tamires Reis. Em julho deste ano, a baiana usou as redes sociais para acusar o ex-marido de violência física e sexual contra ela e também contra a filha deles, uma menina de três anos. O pai nega as acusações. [Relembre o caso ao final da matéria]
“O que a Justiça está esperando? Vocês terem um corpo? Um cadáver? Para que aí vocês possam analisar e não fazer nada com a pessoa?”, perguntou Ana Carolina no vídeo.
Ana Carolina é mãe de Isabella Nardoni, criança de cinco anos que morreu há 16 anos após ter sido agredida e jogada da janela de um prédio em 2008. O pai e a madrasta da menina foram condenados pelo crime.
Após perder a filha, Ana Carolina usa as redes sociais para alertar sobre crimes contra outras crianças. Na postagem em apoio a fonoaudióloga, ela intercalou comentários com trechos do vídeo feito pela baiana e escreveu:
“Esse relato me deixou assustada! É lamentável nos depararmos com esse tipo de caso e saber que a justiça não está sendo feita. Algo precisa ser feito urgentemente!”.
Antes de Ana Carolina, outras personalidades, como a atriz Luana Piovani e a jornalista Rita Batista já tinham cobrado justiça para este caso nas redes sociais.
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Ana Carolina é mãe de Isabella Nardoni, criança de cinco anos que morreu após ser agredida e jogada da janela de um prédio em 2008.
Reprodução/Redes Sociais
Em julho, a fonoaudióloga baiana tornou o caso público através das redes sociais, após o Ministério Público da Bahia (MP-BA) pedir o arquivamento do caso por suposta falta de provas. Antes disso, o homem foi indiciado por estupro de vulnerável pela Polícia Civil.
O g1 entrou em contato com a Polícia Civil, que informou que houve reconsideração do arquivamento. Agora, a delegacia especializada cumpre os requisitos e diligências solicitadas pelo MP-BA.
O MP-BA também informou que acompanha o cumprimento das diligências requeridas à Delegacia de Polícia em julho. Quando forem concluídas, o inquérito policial deverá ser encaminhado ao MP, que avaliará as medidas cabíveis.
Visitas assistidas
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Tamires relatou, na noite de quarta-feira (8), que a Justiça negou o pedido de prisão preventiva e também negou a medida cautelar de afastamento total que havia sido solicitada. [Assista ao vídeo acima]
A ordem judicial estabeleceu visita assistida durante dois meses. Isso significa que a criança só poderá ver o pai na presença de terceiros – considerando que o suposto risco só existe nos momentos em que a menina está sob custódia exclusiva dele.
Ainda conforme Tamires, as visitas deverão acontecer em um período não inferior a 14 horas semanais, em horários e locais a serem definidos em comum acordo entre os pais. Caso descumpra a determinação, Paulo Roberto poderá ser preso.
“Vocês têm noção do que é ela [a criança] conviver com ele 14 horas semanais? Pois é. (…) O que me deixa mais estarrecida é que nós temos relatório das psicólogas que acompanham minha filha informando e descrevendo o comportamento dela todas as vezes que ela tem contato com o pai. Todas as vezes ela muda completamente o comportamento. Ela fica irritada, fica agressiva, ela começa a se automutilar”, disse Tamires, complementando que irá recorrer da decisão.
Relembre o caso
Fonoaudióloga denuncia ex-marido por agressões e violência sexual contra filha de 3 anos
A fonoaudióloga afirma que começou a desconfiar dos abusos quando se separou de Paulo Roberto Santos, dono de uma academia de tênis em Salvador. Na época, a criança tinha 1 ano e 6 meses.
Segundo a mãe, a filha passava cerca de três dias por semana na casa do pai, sempre demonstrando forte sofrimento com os encontros. Conforme apontado por Tamires:
antes de ir, a pequena chorava, sentia medo, se agarrava aos familiares e cuidadores em súplica para que não fosse entregue ao pai;
depois, ficava irritadiça, batia a cabeça no chão, mordia os outros e a si mesma.
“A escola solicitou acompanhamento psicológico e colocou auxiliar extra para conter as agressões [aos coleguinhas] e autoagressões”, relatou.
Tamires detalha que a filha passou a voltar da casa do pai com marcas roxas pelo corpo até que, em julho de 2022, notou uma vermelhidão nas partes íntimas. De acordo com ela, nessas ocasiões, a filha bloqueava qualquer contato, prejudicando até a troca de fralda e higienização.
Depois disso, Tamires conta que questionou o ex-marido, que teria negado qualquer agressão. Mas com a desconfiança, a mulher instituiu que a menina só fosse até a casa de Santos acompanhada por uma babá.
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Ainda assim, as violências não teriam cessado até que, em setembro passado, a criança teria feito “gestos obscenos, de cunho sexual, incompatíveis com a idade dela”.
“Ali eu tive a prova concreta que tudo que eu estava sentindo, tudo que minha filha estava gritando, era verdade, que ela estava passando por uma violência sexual”.
A partir disso, Tamires prestou queixa na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes contra a Criança e o Adolescente (Dercca), registrou o caso no Instituto Médico Legal, Conselho Tutelar, entre outros órgãos. A Justiça, então, concedeu medida protetiva a ela, mas não à criança. Pelo contrário, a determinação judicial vigente prevê guarda compartilhada.
Fonoaudióloga acusa ex-marido de violência sexual contra a filha dos dois
Reprodução/Redes Sociais
Ao expor agressões contra a filha, a fonoaudióloga lembra que ela própria viveu uma relação abusiva com Santos. Os dois passaram quase 10 anos juntos. Entre os episódios, a mulher destaca:
um tapa no rosto no momento que amamentava a então bebê;
um estupro sete dias após dar à luz a menina.
O vídeo divulgado por ela nas redes sociais encerra com gravações feitas na casa do casal, em que o homem xinga ela de “put* do caralh*” e diz coisas como: “Eu sou 300 vezes mais inteligente e tenho mais poder que você” e “Eu mando e você obedece, é simples assim”.
“Eu e minha filha estamos correndo perigo”, resumiu a mulher no pedido de ajuda.
Pai nega as acusações
O g1 procurou Adriano Argones, advogado de Santos, que disse ainda não ter sido notificado de que o MP-BA pediu a retomada das investigações. De acordo com o defensor, a “Promoção de Arquivamento está muito bem fundamentada e se justifica na ausência de qualquer indício de materialidade e autoria dos fatos denunciados”.
Como argumentos em defesa de seu cliente, Argones destaca o depoimento de uma mulher que trabalhou na residência em que o casal morava com a criança. No vídeo, ela diz que acompanhou a época da separação e “viu tudo de perto quando aconteceu”.
“Tudo isso que ela [Tamires] está falando é inverdade, é mentira”, contestou a profissional, acrescentando que Santos seria amoroso com a criança. Uma babá também depôs em defesa do homem, afirmando que ele tratava a menina com carinho.
Já a escola produziu um relatório utilizado pela defesa de Paulo. No documento, a instituição de ensino confirma os relatos de agressividade por parte da criança, mas diz que ela demonstra “alegria” e permanece “tranquila” na companhia do pai.
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