O dólar interrompeu a sequência de perdas ante o real com fortalecimento da moeda ante divisas globais, com o aumento das incertezas sobre a guerra comercial;
Nesta terça-feira (15), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,8900, com alta de de 0,66% ante o real.
O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, subia 0,53%, aos 100,151 pontos — depois de cinco quedas consecutivas e atingir a mínima em três anos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
O dólar começou a sessão em forte queda ante o real, acompanhando a valorização das moedas latino-americanas com apoio da alta do minério de ferro, na China, e a ‘trégua’ tarifária dos Estados Unidos.
Mas, ao longo da sessão, a divisa norte-americana recuperou as forças frente as moedas globais e a fraqueza do petróleo — pressionado pelo corte na previsão de crescimento da demanda do óleo pelo Agência Internacional de Energia (AIE), um dia após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) também reduzir as estimativas de demanda da commodity.
O temor de escalada da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China voltou a ser um fator de risco após o presidente norte-americano, Donald Trump, acusar Pequim de descumprir acordo com os agricultores e com a Boeing.
“Nossos agricultores são grandes, mas por causa de sua grandeza, eles são sempre colocados na linha de frente com nossos adversários, como a China, sempre que há uma negociação comercial ou, neste caso, uma guerra comercial”, disse Trump na rede social Truth Social. “Curiosamente, eles simplesmente renegaram o grande acordo com a Boeing, dizendo que “não tomarão posse” do compromisso total com aeronaves”, acrescentou o presidente dos EUA.
Hoje (15), a China ordenou que as suas companhias aéreas não recebam mais jatos da empresa norte-americana Boeing, em uma nova retaliação às tarifas impostas por Trump. Até agora, os EUA impuseram uma alíquota de 145% sobre os produtos chineses que entrarem no país.
“A imprevisibilidade de Trump segue como fonte de primária de volatilidade, ao mesmo tempo em que suas sinalizações tarifárias pontuais beneficiam ações e os juros de longo prazo nos EUA”, afirmou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, em nota.
No cenário doméstico, os investidores operaram em compasso de espera pela apresentação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026 do governo para o Congresso Nacional.
O documento, além de projetar metas fiscais, estimativas de inflação, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), trajetória da dívida, limites de despesas, valores de emendas parlamentares e revisão de gastos públicos, também prevê o valor do salário mínimo — que deve contemplar uma faixa em torno de R$ 1.627 a partir de janeiro de 2026.