Veja os indicadores econômicos que serão destaques entre os dias 14 e 20 de abril, com projeções e comentário.
Apesar da depreciação cambial, correção nos preços de commodities deve exercer pressão baixista sobre os índices de preços ao produtor
Ao longo da última semana, foi observada a depreciação do câmbio, com o real acumulando perdas de aproximadamente 2,7% frente ao dólar. Como consequência, a forte correção nos preços de importantes commodities deve exercer pressão baixista sobre os índices de preços ao produtor. Nesse contexto, é provável que o IGP-10 acompanhe o movimento do IGP-M e do IGP-DI de março e registre deflação em abril. A queda nas cotações internacionais de itens como petróleo, alumínio e cobre, que são sensíveis ao ciclo econômico global, reflete o aumento da percepção de risco em relação à atividade nos Estados Unidos, com o mercado precificando uma probabilidade mais elevada de recessão. Esses movimentos, ao compensarem parcialmente os efeitos da depreciação cambial, criam espaço para alívio adicional nos IGPs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ao menos no curto prazo. O IGP-10 será divulgado nesta terça-feira (15).
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Nos EUA, vendas no varejo devem crescer, ao passo que a produção industrial deve recuar em março
Esses dados refletem, em grande parte, os primeiros impactos das tarifas sobre as importações. Do lado do consumo, os norte-americanos parecem estar antecipando compras em um movimento típico de defesa contra a inflação esperada. Com receio da alta nos preços provocada pela taxação de produtos estrangeiros, os consumidores estão acelerando suas decisões de compra antes dos aumentos nas gôndolas. Apesar das tarifas terem sido anunciadas já em abril, os norte-americanos estão cientes que elas viriam desde o início do mandato. Na produção industrial, a queda projetada indica um provável redirecionamento estratégico das empresas: o movimento de antecipação de compras, presente no último trimestre do ano passado, pode estar presente também nas últimas semanas. Os dois indicadores serão divulgados na próxima quarta-feira (16).
Banco Central Europeu (BCE) deve manter a taxa básica de juros inalterada na próxima reunião
Embora haja espaço técnico para um corte, dada a desaceleração da atividade econômica e a trajetória de desinflação na Zona do Euro, os riscos associados à intensificação da guerra comercial impõem um viés mais conservador à política monetária. Apesar dos efeitos inflacionários desse novo ambiente serem potencialmente mais pronunciados nos Estados Unidos, o cenário global de maior incerteza e a perspectiva de juros elevados por mais tempo por parte do Federal Reserve (Fed) devem limitar o ímpeto de afrouxamento também na Europa. Nesse contexto, o BCE tende a evitar qualquer sinalização prematura de flexibilização, adotando uma postura cautelosa até que o ambiente externo ofereça maior previsibilidade.
Banco Popular da China pode dar início ao seu ciclo de cortes de juros já na próxima decisão de política monetária
A autoridade monetária chinesa vinha sinalizando, desde fim de 2024, a intenção de adotar uma postura mais acomodatícia, e a combinação entre a desaceleração da atividade doméstica e o agravamento das tensões comerciais com os Estados Unidos torna o momento especialmente propício para a implementação de medidas de flexibilização, tanto nos juros de curto quanto de longo prazo. Ainda que o ambiente externo siga marcado por incertezas geopolíticas, a adoção de estímulos por parte da China — sejam monetários, fiscais ou cambiais — tende a influenciar os preços internacionais de commodities sensíveis ao ciclo econômico. Nesse contexto, o início de um ciclo de cortes de juros na segunda maior economia do mundo pode representar um fator de suporte para essas cotações e, consequentemente, atenuar – ainda que momentaneamente – o movimento recente de deflação observado nos preços ao produtor no Brasil.
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Economia chinesa deve confirmar um crescimento de 1,4% no 1º trimestre de 2025
O número, embora positivo, esconde uma dinâmica preocupante: o impulso vem sobretudo do setor externo, com forte superávit comercial, e não da demanda doméstica — que segue fragilizada. Em fevereiro, a balança comercial chinesa registrou um superávit expressivo de US$170,5 bilhões. No entanto, esse resultado foi fortemente influenciado por uma queda de 8,3% nas importações, em termos anuais, sinalizando um consumo interno desaquecido. As exportações se mantiveram firmes, mas o viés de crescimento desequilibrado levanta alertas entre autoridades e analistas. Diante desse cenário, o governo chinês tem sinalizado sua preocupação com a baixa demanda interna, especialmente num contexto de guerra tarifária crescente, em que depender excessivamente das exportações se torna arriscado. Como resposta, o Conselho de Estado apresentou recentemente um “plano de ação especial” para estimular o consumo doméstico. Entre as medidas, estão o aumento da renda das famílias e a criação de um subsídio para cuidados infantis — iniciativas que devem ter efeitos graduais nos próximos trimestres.