
As tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos importados da China têm um impacto direto na produção da Apple, especialmente devido à forte dependência da empresa da manufatura chinesa. De acordo com Fabio Fares, especialista em análise macro, “A Apple ainda depende fortemente da China, especialmente no que diz respeito à montagem final dos iPhones, MacBooks e outros dispositivos. Qualquer tarifa imposta sobre produtos fabricados ou montados em território chinês pressiona diretamente as margens da empresa.” Além disso, Fares destaca que o desafio não se limita ao custo das tarifas, mas também à “velocidade de ajuste”, pois mover bilhões de dólares em produção não ocorre de forma rápida.
Apple diversifica produção para a Índia: desafios e expectativas
Em relação à diversificação da produção, a Apple tem investido na ampliação da fabricação na Índia, mas, segundo Fábio Fares, essa transição é lenta e enfrenta vários obstáculos. “Hoje, estima-se que menos de 15% dos iPhones sejam montados fora da China, e embora a meta da Apple seja ambiciosa — chegar a até 25% nos próximos anos —, isso não resolve o problema no curto prazo.”
Fares explica que a Índia ainda está em processo de amadurecimento no que diz respeito à capacidade produtiva, qualificação da mão de obra e infraestrutura logística necessária para atender à demanda de qualidade e escala que a Apple exige. Apesar disso, ele acredita que a Índia será uma peça fundamental na estratégia de diversificação da Apple, mas que o impacto imediato será limitado.
Outros países como alternativas para diversificação
Fábio Fares também acredita que há espaço para a Apple expandir sua diversificação para outros países, além da Índia, como Vietnã, Indonésia e México. Para ele, “A guerra comercial entre EUA e China deixou uma lição clara para as big techs: cadeia produtiva concentrada em um único país, especialmente em um rival geopolítico, é um risco estratégico enorme.”
Ele acrescenta que, mesmo que a Apple tenha recursos e influência para acelerar essa mudança, “essa transição precisa ser feita sem comprometer o padrão de qualidade e a escala que a empresa exige.” A diversificação para outros países pode ser uma estratégia para minimizar riscos geopolíticos e aumentar a flexibilidade da Apple, mas ainda é um processo complexo e gradual.
Proteger a participação de mercado ou as margens?
Ao ser questionado sobre a prioridade da Apple diante do cenário atual de tarifas e aumentos de custos, Fábio Fares defende que a empresa deve focar em proteger sua “participação de mercado global”, mesmo que isso signifique uma compressão de margem no curto prazo. “A Apple é uma empresa premium, mas extremamente sensível a preço em mercados emergentes. Se os dispositivos começarem a encarecer por conta das tarifas e não houver uma reação estratégica em precificação, concorrentes asiáticos como Xiaomi e Samsung ganham tração.” Para ele, a compressão de margem “é administrável” para uma empresa com a escala e os recursos da Apple, mas “manter o domínio em escala global é o que garante o crescimento sustentável da marca e a manutenção do ecossistema de usuários.” Portanto, Fábio considera que, para a Apple, a prioridade é preservar sua posição no mercado global, especialmente frente à concorrência crescente de outras grandes marcas.
O que esperar da Apple?
O cenário atual para a Apple é desafiador, e a empresa precisará se adaptar rapidamente à nova realidade tarifária imposta pelos Estados Unidos. Com uma cadeia produtiva ainda dependente da China e a diversificação sendo um processo lento, a Apple precisará equilibrar suas decisões para proteger sua participação de mercado global, mesmo com a compressão de margens no curto prazo. Além disso, a diversificação para países como Índia, Vietnã, Indonésia e México será essencial para reduzir riscos geopolíticos no futuro. A estratégia da Apple será crucial para garantir sua posição no mercado global, mantendo o equilíbrio entre qualidade, preço e inovação, sem perder seu ecossistema de usuários.
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