Criança que sofreu queimadura no rosto durante brincadeira supera trauma e escreve livro: ‘Dias de muita luta’


Ysadora Marques, de 8 anos, foi atingida pelo fogo enquanto brincava com primo, em Jaraguá, e teve queimaduras de 2º grau. Ela também ilustrou livro. Ysadora Constantino escreve livro infantil sobre ‘brincadeiras perigosas’
Um ano após sofrer múltiplas queimaduras durante uma brincadeira, a estudante Ysadora Constantino Marques, de 8 anos, superou o trauma e escreveu um livro para ensinar crianças que não devem brincar com fogo. Chamada “Brincadeiras Perigosas”, a obra também foi ilustrada por ela.
“Fiz esse livro para alertar, para as crianças não passarem pelo o que eu passei”, disse Ysadora .
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Acidente
No dia 24 de março de 2024, no quintal da casa da família, em Jaraguá, na região central de Goiás, Ysadora estava brincando de cozinhar com um primo quando ele acendeu o fogo com álcool.
“Eu estava olhando eles no quintal. Ia e voltava para dentro, os dois pegaram uns tijolos e estavam brincando de fazer comida. O primo de Ysadora conseguiu pegar um álcool que estava escondido e colocou no fogo”, disse Emília Constantino Dutra, mãe da menina.
Ysadora se queimou ano passado e escreveu livro para superar trauma, Goiás
Arquivo pessoal/Emilia Constantino
Ysadora saiu gritando, e Emilia viu o fogo no corpo da filha. A mãe da menina conta que ficou em desespero e chegou a passar mal.
Os vizinhos chamaram uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Após ser socorrida, ela foi transferida ao Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia. Ela ficou 17 dias internada e passou mais 15 dias de tratamento em casa.
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Quando voltou para a escola, ela foi incentivada por uma professora a registrar sua experiência em um livro infantil ilustrado por ela mesma.
Trecho do livro de Ysadora Constantino Marques ‘Brincadeiras perigosas’, de 8 anos, Goiás
Arquivo pessoal/Emilia Constantino
Queimaduras
A médica e coordenadora de pediatria do Hugol, Fabiana Calaça, conta que a recuperação depende da gravidade da lesão, do local e da idade da criança. No caso de Ysadora, ela teve 8% da face atingida.
“A mensuração se dá através da porcentagem de superfície corporal queimada (SCQ). Em crianças, acima de 10% de SCQ já são considerados grandes queimados e são lesões graves. Regiões nobres como face e articulações também influenciam na gravidade”, disse a médica.
Segundo Fabiana, outro fator importante para a avaliação da gravidade é o mecanismo da queimadura, se foi chama direta, vapor quente ou escaldadura. E outra característica é a idade da criança.
“Quanto menor a idade, maior a chance de atingir uma porção maior do corpo e de termos complicações no tratamento”, afirmou Fabiana.
Segundo Fabiana, o Hugol é referência no atendimento a pacientes com queimaduras em Goiás.
“A média mensal de atendimentos no Hugol no ano passado foi de cerca de 320, sendo 80 desses são de crianças, ou seja, quase 3 crianças queimadas por dia,” disse.
Na primeira imagem, Ysadora no hospital e na segunda, em casa, um mês depois
Arquivo pessoal/Emilia Constantino
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