LPT Zlatan e a trilha sonora de quem nunca desistiu

O hip-hop sempre foi sobre sobrevivência. Sobre transformar a dor em arte, a luta em canção, o grito em verso. Para LPT Zlatan, essa essência nunca foi um conceito abstrato. Foi vivida, sentida, moldada pelo concreto das ruas de Guaianazes, onde o sonho e a realidade muitas vezes entram em colisão.

Antes de ser Zlatan, ele era Lucas. Um garoto que cantava no coral da igreja, absorvendo cada nota, sem saber que, no futuro, usaria a voz como ferramenta de expressão.

Sem estrutura ou estúdio, suas primeiras faixas nasceram de forma rudimentar, gravadas com um microfone improvisado dentro de uma caixa de sapatos. O que para muitos seria um obstáculo, para ele foi a faísca de uma jornada. Daquele improviso, ele construiu um caminho que hoje o coloca como uma das vozes mais autênticas do rap nacional.

A sonoridade de LPT Zlatan passeia entre o drill, o trap e os alicerces do rap brasileiro. Se a batida principal bebe da fonte gringa, a linguagem é puramente nacional. Seu vocabulário carrega as ruas da Zona Leste, a ginga do funk que embalou sua infância e o lirismo que ele aprendeu ouvindo Emicida.

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Discografia de peso

Para Zlatan, a música é um espaço de liberdade, um refúgio onde ele pode se expressar sem filtros. “Ouvir Emicida foi fundamental pra minha vida. Ele me inspirou, e eu quero repetir isso com outras pessoas”, conta.

Seus três projetos lançados até agora são fragmentos dessa construção. O Retrato Falado da Minha Face (2024) foi um mergulho introspectivo, um convite para conhecer o artista além das aparências. Nunca Foi Sorte, lançado no mesmo ano, consolidou sua identidade musical e trouxe um tom de afirmação: o talento que ele construiu não veio do acaso, mas de trabalho e dedicação.

Agora, com Nunca Tenha Medo (2025), Zlatan avisa que está pronto para o próximo nível. O álbum, construído ao lado do produtor Wall Hein, traz uma versatilidade sonora maior, misturando world rap, drill, miami bass e elementos do boom bap clássico.

As mensagens em suas letras refletem o que viveu: superação, coragem, resistência. “Meu bairro é a minha casa. Antes de fazer rima, eu ajudava os MCs do bairro, fazia flyer de shows sem cobrar nada, porque acreditava no corre deles”, relembra. Essa mentalidade de construção coletiva também se reflete em sua relação com KayBlack, um dos grandes nomes do trap nacional e seu empresário. “Pra mim, é um privilégio gigante ter um artista desse porte comigo. Só de observar como ele age no dia a dia, eu já aprendi muita coisa”.

O futuro de um jovem sonhador

Num mercado que cobra presença digital incessante, Zlatan escolhe outro caminho. “Nunca tive pessoas olhando pra mim, dando visibilidade. Eu decidi dar o meu melhor sempre. Não troco os números pelo que eu acredito na música”, diz ele.

A sinceridade se reflete em faixas como “Movimentos Ilegais”, onde ele dispara: “não vou morrer por like”. Em tempos onde a arte parece estar cada vez mais refém da aprovação instantânea, Zlatan lembra que a autenticidade ainda é um caminho possível.

O futuro está logo ali. Ele planeja um projeto ainda maior, um álbum mais elaborado, explorando novas possibilidades junto a Wall Hein. Mas sem pressa, sem ansiedade. Ele sabe que o tempo é aliado de quem constrói algo duradouro. “Meu lema é seguir com os pés no chão sempre”, afirma. Porque para LPT Zlatan, a música nunca foi sobre a banalidade. Sempre foi sobre inspirar.

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