Em dois anos, Brasil sobe da 27ª para a 5ª posição em denúncias de abuso infantil online

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Em 2024, o Brasil entrou pela primeira vez no ranking dos cinco países com maior número de denúncias de páginas com material de abuso sexual infantil na internet. O dado faz parte do relatório anual da rede internacional InHope, divulgado nesta última semana.

Em dois anos, o país subiu da 27ª para a 5ª posição no ranking global, ficando atrás apenas da Bulgária, Reino Unido, Holanda e Alemanha.

O avanço do Brasil no ranking não significa necessariamente que a produção ou disseminação desse tipo de crime tenha aumentado, mas que o país passou a denunciar mais, com maior eficácia.

De acordo com o relatório, o número de notificações vindas do Brasil cresceu de forma exponencial entre 2022 e 2024, graças à atuação de canais nacionais de denúncia, campanhas de conscientização e um maior engajamento das plataformas de internet em detectar e encaminhar conteúdos ilegais.

A InHope é uma rede global que conecta 48 hotlines (centrais de denúncia) em 43 países, com o objetivo de combater o abuso sexual infantil online.

A organização recebe, valida e repassa as denúncias de páginas que contêm esse tipo de conteúdo para as autoridades competentes de cada país.

O relatório destaca que, globalmente, 96% das páginas denunciadas em 2024 continham imagens ou vídeos reais de abuso sexual infantil, e não materiais gerados por inteligência artificial.

Apenas 1% dos casos envolviam conteúdo manipulado digitalmente, enquanto outro 1% estava relacionado ao aliciamento online de menores e 2% envolviam casos de chantagem sexual com crianças.

A maior parte das vítimas aparentava ter entre 3 e 13 anos, sendo que 91% delas tinham entre 7 e 13 anos. Um dado alarmante é que 96% das vítimas identificadas eram meninas.

Conteúdos removidos com mais rapidez

Outro ponto destacado no relatório é a eficiência na remoção dos conteúdos criminosos. Em 2024, 73% das páginas denunciadas foram retiradas do ar em até 24 horas, e 91% em até três dias. Esse resultado só foi possível nos países que possuem hotlines integradas à rede InHope, como é o caso do Brasil.

A atuação das centrais de denúncia, aliada à cooperação de empresas de tecnologia e provedores de internet, tem permitido respostas mais rápidas às notificações, embora o volume de casos ainda desafie os sistemas de fiscalização.

Brasil denuncia mais, mas ainda enfrenta desafios

O relatório também aponta que 95% das páginas denunciadas globalmente estavam hospedadas em países com hotlines ativas, o que reforça o papel do Brasil nesse cenário.

Ao subir para a 5ª colocação, o país demonstra maior vigilância e capacidade de resposta, mas isso também revela a necessidade de avanços estruturais.

Ainda há desafios no Brasil:

  • Ampliar o alcance das campanhas educativas para prevenção de abuso online;
  • Garantir a capacitação contínua das polícias civis e federais;
  • Fortalecer a cooperação internacional com agências de inteligência e cibersegurança;
  • Adaptar a legislação brasileira às novas formas de abuso virtual, incluindo os produzidos por inteligência artificial.

Riscos emergentes e futuro da regulação

Embora ainda representem uma parcela pequena das denúncias, os conteúdos gerados por inteligência artificial começam a preocupar especialistas.

Segundo a InHope, esses materiais têm alto potencial de disseminação e são difíceis de rastrear, pois nem sempre envolvem vítimas reais, o que complica sua classificação legal.

Ainda assim, o impacto é real: muitos desses conteúdos circulam como se fossem verídicos e acabam alimentando redes de exploração.

A organização também chama atenção para o uso da IA em crimes que envolvem manipulação de imagens de crianças, inclusive com o uso de deepfakes.

A recomendação da InHope é que os países comecem a legislar com clareza sobre esse tipo de material, tratando inclusive os conteúdos simulados como infrações passíveis de punição.

Um problema global, com resposta coletiva

A conclusão do relatório é direta: o combate ao abuso sexual infantil na internet depende de uma ação global. Nenhum país conseguirá combater esse crime isoladamente, pois ele é transnacional e alimentado por redes clandestinas e tecnologias de rápida disseminação.

Para a InHope, a eficiência no combate passa por três eixos centrais: denúncias rápidas, remoção imediata e responsabilização dos envolvidos.

Ao subir para a 5ª colocação entre os países que mais notificam páginas com conteúdo criminoso, o Brasil se posiciona de forma mais atuante no enfrentamento desse tipo de violência, mas ainda precisa de um esforço contínuo para conter a origem e os impactos dessa prática.

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