Engenheiro atropelado por motorista embriagada segue em coma induzido na UTI em RR


José Francisco Gomes, de 49 anos, foi atropelado quando fazia um treino de corrida na região do Bom Intento, em Boa Vista, e está internado no Hospital Geral de Roraima (HGR). Condutora do carro, Jully Gabriella Passos Mota, de 26 anos, chegou a dizer que situação ‘não daria em nada’. Engenheiro de produção José Francisco Gomes, de 49 anos, foi atropelado quando fazia um treino de corrida.
Arquivo pessoal
O engenheiro de produção José Francisco Gomes, de 49 anos, que foi atropelado por uma motorista embriagada enquanto fazia um treino de corrida em Boa Vista segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Geral de Roraima (HGR), de acordo com informações repassadas pela esposa dele, Jeyssiane Gabriella Monteiro, nesta segunda-feira (31). Ele está em coma induzido, mas estável.
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Ferrinho, como é mais conhecido, foi atropelado no último sábado (29) pela propagandista médica Jully Gabriella Passos Mota, de 26 anos, que estava embriagada. Ela chegou a ser presa, mas foi solta pela Justiça na audiência de custódia, sem pagar fiança, nesse domingo (30) (entenda mais abaixo).
O engenheiro, que também é dono de uma metalúrgica e administrador, sofreu uma forte pancada na cabeça, foi levado inconsciente para o Hospital Geral de Roraima, passou por cirurgia e foi internado na UTI.
José Francisco Gomes e a esposa Jeyssiane Gabriella Monteiro.
Arquivo pessoal
Ao g1, Jeyssiane Monteiro, de 25 anos, contou que o marido está em coma induzido por pelo menos 48 horas e deve passar por novos exames até terça-feira (1°), que devem determinar os procedimentos a serem seguidos. Segundo ela, Ferrinho está reagindo bem, mas continua com um inchaço na cabeça.
“Ele tá estável. Assim, está respondendo bem, está reagindo bem. Porém, a região aqui do cérebro, da cabeça, continua muito inchada. Então, eles [equipe médica] estão aguardando desinchar mais para acordar ele, para poupar energia dele, para não reverter o quadro dele, não piorar”, explicou Gabriella.
O acidente aconteceu na região do Bom Intento, quando o engenheiro e outros atletas do grupo Runners Team faziam um treino na estrada. A esposa dele e outro casal, de 43 e 38 anos, também ficaram feridos.
Jeyssiane teve ferimentos leves e foi liberada. Em entrevista ao g1 nesta segunda, ela contou que sofreu uma fissura em um dos pés e que tem se dividido entre cuidar dos dois filhos, de 4 e 6 anos, e do marido.
“Eu estou em casa, porém eu não consigo fazer nada. Eu estou com uma fissura, uma lesão no pé, tenho duas crianças pequenas que dependem de mim e do meu esposo, que está internado. Eu tô em casa tentando me cuidar, para tentar cuidar do meu esposo, para ele ser liberado o mais rápido possível”, contou a empresária.
O outro casal ferido está internado no setor de ortopedia do HGR. A mulher, de 38, quebrou a perna direita e bateu a cabeça, enquanto o marido, de 43, também fraturou a perna e teve uma lesão na cabeça.
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Arquivo pessoal
À Rede Amazônica, um colega dos corredores disse que viu quando as quatro vítimas foram atropeladas. Elas corriam no acostamento, na parte de terra, quando foram atingidos pela picape conduzida por Jully. A Polícia Militar esteve no local e fez o documento de constatação de embriaguez da condutora.
De acordo com a Guarda Civil Municipal (GCM), a motorista estava em estado visível de embriaguez, com sinais como sonolência, olhos vermelhos, e odor de álcool no hálito. Ela relatou aos guardas que voltava de uma festa, onde ingeriu bebida alcoólica, estava indo para casa, no Pedra Pintada, mas que “não se recordava do que de fato acorreu no local do acidente”.
‘Sentimento de revolta’
Motorista do carro, a propagandista médica Jully Gabriella Passos Mota foi presa pela Guarda Civil Municipal (GCM) ainda no sábado (29). Ela tentou fugir e chegou a ironizar a situação dizendo que “não daria em nada”.
Na delegacia, Jully foi autuada em flagrante por lesão corporal culposa de trânsito e lesão corporal qualificada pela embriaguez ao volante. Ela foi solta um dia depois, no domingo, na audiência de custódia sem pagar fiança.
A decisão pela soltura foi da juíza Noêmia Cardoso Leite de Sousa, da comarca de Boa Vista. Ela entendeu que a “aplicação de medidas cautelares diversas da prisão seriam suficientes para evitar a prática de outras infrações penais”.
Carro conduzido pela propagandista médica, de 26 anos, após ela bater em quatro corredores
Arquivo pessoal
Ao g1, a esposa do engenheiro afirmou a liberação da motorista causou um sentimento de revolta, angústia e tristeza nas famílias das vítimas.
“Um sentimento de revolta, de angústia, de tristeza, porque ela vai continuar com a vida dela normal enquanto nós tivemos nossas vidas modificadas, dilaceradas. Não vai ser, não vai voltar ao normal, não vai ser mais normal”, disse Jeyssiane.
“Afetou a vida de nós quatro e a pessoa ser liberada sem nenhuma punição trás um sentimento de revolta, muita revolta. Ainda mais que as testemunhas falaram que ela disse que não iria acontecer nada com ela”, ressaltou.
Em nota enviada ao g1, a defesa de Jully afirmou que a soltura dela teve “pleno embasamento legal”, pois ela tem residência fixa, trabalho lícito e não possui antecedentes criminais. Disse ainda que a propagandista e a família lamentam o ocorrido, “prestando solidariedade aos integrantes da Equipe de Corredores Runners Team e estimando a sua plena recuperação”.
A equipe Runners Team publicou uma nota de repúdio à soltura dela, destacando a “profunda indignação e repúdio à decisão da Justiça de Roraima”.
“A condutora estava, de acordo com o relato de testemunhas e vídeos divulgados na internet, em flagrante estado de embriaguez ao volante, o que torna sua conduta ainda mais grave e irresponsável. A soltura dela é um precedente perigoso e envia uma mensagem equivocada à sociedade: que a embriaguez ao volante e o risco de colocar a vida dos outros em perigo não têm consequências”.
“Não podemos aceitar que a justiça não priorize a segurança e a proteção da vida humana”, publicou a equipe nas redes sociais.
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