Entre ancestralidade e inovação, Brisa Flow lança “Rosas Brancas”

Brisa Flow
Foto: @tonsdefoto

A rapper Brisa Flow cresceu entre sons, texturas e memórias que se tornariam parte fundamental de sua identidade. Filha de artesãos chilenos, nascida em Sabará (MG), sua trajetória é atravessada pelo encontro entre a arte e a ancestralidade. Seu nome ecoa com a força das montanhas e dos rios, carregando em sua voz a resistência de um povo que atravessa gerações.

Cantora, produtora musical e pesquisadora, Brisa tece, em cada verso, um caminho que rompe com as amarras do colonialismo. Seu trabalho transita entre o rap, os cantos ancestrais, o jazz, o eletrônico e o neo/soul, uma fusão de linguagens que traduzem seu espírito inquieto e sua busca por expressão.

Mais do que uma rapper, ela é uma artista transdisciplinar, que encontra na música um espaço de luta, de humanização e de reencontro consigo mesma, como ela explica em entrevista ao TMDQA!:

“O rap ocupou os mais diversos lugares na minha vida, seja de acolhimento, principalmente agora, na maternidade, mas também um local de desabafo e de transformação”.

A maternidade, inclusive, tem sido um marco transformador em sua jornada. Mãe de uma menina de um ano e um mês, Brisa descreve como o puerpério intensificou sua expressão artística e abriu novas formas de composição.

“O puerpério comprovadamente é uma fase intensa de hormônios, é uma fase transformação. Então, acredito que isso me deixou mais emotiva. Dentro desse campo, eu posso escrever bem sobre a minha poesia, porque é um lugar que eu me conheço.”

Versatilidade e Liberdade

A experimentação sempre fez parte da essência de Brisa. Sua trajetória no hip-hop começou no freestyle, que exigia a capacidade de transitar por diferentes ritmos e estilos. Ao longo dos anos, ela expandiu sua sonoridade, incorporando elementos do jazz, do drill, do reggaeton e agora da música popular brasileira.

“A indústria quer te colocar em caixas, mas minha arte é livre. Estou estudando percussão e música andina, buscando o que quero entregar no meu próximo trabalho”.

Essa multiplicidade de influências reflete não apenas sua versatilidade musical, mas também sua conexão com diferentes culturas dentro de casa.

“A multiculturalidade me salvou. A música me ensinou a me conectar com minha identidade indígena e me deu ferramentas para contar minha história”.

Seu novo single, “Rosas Brancas”, produzido por Leo Grijo, reflete esse momento de transição e amadurecimento. Com influências do rap, ritmos brasileiros e o amapiano, a faixa é um convite para confiar nos ciclos da vida e respeitar os processos naturais. “É um tributo às mulheres que sustentam territórios de fé e resistência, às mães racializadas e latino-americanas que mantêm vivas as tradições culturais e espirituais”, explica.

O single, inclusive, nasceu ao se reconectar com com suas raízes chilenas em sua recente turnê no país, onde tocou em cidades como Santiago e Valparaíso. O retorno ao Chile trouxe não apenas apresentações impactantes, mas ajudou a rapper a desbloquear o lado criativo.

“Eu fui ao Chile fazer uma turnê e, dentro dessa agenda, um dos meus grandes desejos era que minha avó me assistisse, mas infelizmente ela já desencantou. E era uma fase que eu estava muito travada para compor. Ao mesmo tempo, também estava muito com minha avó na cabeça e aí aconteceu de eu ver uma rosa branca, quando eu já tinha sonhado há algum tempo, que me fez lembrar da minha avó. A partir disso, a letra desse som começou a vir e a inspiração não parou. Desde a turnê para cá, eu estou num processo que eu estou escrevendo bastante”.

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O legado de Brisa Flow

Brisa Flow observa com orgulho o crescimento das mulheres na cena rap. “Foi um processo de muitos anos, de muitas mãos que adubaram essa terra. Agora estamos colhendo frutos, mas ainda estamos construindo um espaço para que o rap das minas seja valorizado para além das playlists”, ressalta.

Seu olhar também está voltado para a juventude indígena, que enfrenta altos índices de suicídio na América Latina:

“Quero construir uma carreira que sirva de legado, documentar minha história, minha música, minha performance. Fui ver a discografia do Naná Vasconcelos e decidi que vou trabalhar muito para soltar muita música”.

Brisa Flow segue sua jornada como um rio que esculpe a terra com paciência e força, demarcando espaço na música e na história. Cada canção sua é uma semente, cada show um ritual de conexão com o passado e o futuro. Seu rap não é apenas som; é território, é existência, é revolução.

“A vida é muito fraca e essa busca por super conceito é uma autossabotagem, imposto pelo capitalismo para ter a sensação de superação. É esse o caminho que quero seguir, de me construir como uma artista livre e construir um legado na música, criando o que eu gosto e construindo um público com isso”, finalizou.

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