Fãs de Alanis são ‘poli’; os de Olivia Rodrigo, ‘devotos’: Lolla mostra a mudança nas gerações de público


Estudo aponta os comportamentos de cada faixa etária de fãs. Festival deste ano mostra, na prática, como millenials e geração Z tendem a ver seus ídolos de forma diferente; entenda. Fãs chegam cedo para o Festival Lollapalooza
Olivia Rodrigo, Justin Timberlake, Shawn Mendes e Alanis Morissette estarão no Lollapalooza Brasil 2025
Reprodução/Instagram
A edição deste ano do Lollapalooza mistura gerações de fãs e une um grupo nostálgico dos trintões, que vai matar a saudade de Alanis Morissette e Justin Timberlake, com os jovens entre 16 e 24 anos, que vão poder se emocionar com Olivia Rodrigo e de Shawn Mendes.
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Um estudo feito pela consultoria de marketing Monks em parceria com o instituto de pesquisa comportamental Floatvibes explica algumas características que definem cada tipo de fã do Brasil. Para começar, a pesquisa categorizou os fãs da seguinte maneira:
Poli
Devoto
Emocionado
Influenciados
E no Lollapalooza, quem é quem? Para entender os comportamentos dos fãs que vão prestigiar o festival, o g1 conversou com Fabiano Carvalho, diretor de pesquisa cultural e insights da Monks.
Fãs de Alanis Morissette e Justin Timberlake
A cantora Alanis Morissette em 2023
Eduardo Verdugo/AP
O perfil de fãs que se conecta com artistas como Alanis Morissette e Justin Timberlake é o Fã Poli. Fabiano explica que esse perfil representa 17% dos brasileiros entrevistados, com uma média de idade entre 25 e 35 anos.
“O fã Poli tem interesses múltiplos e não acredita que precisa alimentar rivalidades entre seus objetos-ídolos — vários artistas e referências têm espaço em seu coração, tornando-o um fã mais desapegado”, analisa.
Entre as características dos fãs Poli, estão:
têm menos preconceito;
possuem grandes expectativas por lançamentos;
e podem gostar de artistas que a mídia gosta de rivalizar.
Outro perfil que entra para o time Alanis-Justin é o de fã Emocionado, aquele que é movido pela nostalgia e pelo valor simbólico, que se encontra em um estado de paixão, identificação e envolvimento com as emoções individuais e coletivas, diz Fabiano. E resume o fã Emocionado em:
“Seu objeto-ídolo está sempre associado aos momentos mais felizes de sua vida, tanto no passado quanto no presente, criando um traço inseparável com sua identidade. A nostalgia idealizada enquanto um recurso de segurança, conforto e consumo para quem está exausto diante de um mundo vivendo uma policrise”.
Lollapalooza 2025: horários dos shows do festival e line-up
Fãs de Olivia Rodrigo e Shawn Mendes
Fãs de Olivia Rodrigo antes da entrada no Lolla 2025
Deslange Paiva/g1
Para o diretor de pesquisa cultural, os fãs Devotos são, nesta edição do Lollapalooza, os que mais se identificam com Olivia Rodrigo ou Shawn Mendes. No estudo, os Devotos representam 29% dos entrevistados.
“Estamos nos referindo principalmente a fãs jovens que se conectaram com seus hinos sobre desgostos adolescentes, insegurança e amadurecimento — uma geração que cresceu com a internet. Eles se identificam tanto com seus ídolos que podem desenvolver um apego parassocial, que é a ilusão de uma conexão íntima com quem não nos conhece”, comenta.
A categoria Devotos, pondera Fabiano, representa a pessoa que está em fase de expansão de seus universos e ideais, indo além da influência da família e da escola.
“Para eles, é sobre autoconhecimento e identificação, o sentimento de ‘Me representa!'”.
Fabiano ainda elenca outras características dos fãs Devotos:
buscam a celebração contínua do seu objeto-ídolo, independentemente das circunstâncias;
são movidos por paixão;
têm um hiperfoco intenso no artista que admiram;
investem tempo na manutenção do fandom e, acima de tudo, dinheiro para consumir tudo relacionado ao universo que ama.
Fãs Devotos de Jão
Victor, fã de Jão, no Lollapalooza 2025
Deslange Paiva / g1
“O cantor Jão tem uma legião muito fiel”, ele exemplifica.
Fabiano conta que, recentemente, o artista fez uma parceria com uma marca de roupas esportivas que esgotou em poucas horas.
“É o fã em busca da celebração contínua do seu objeto-ídolo, não importa a circunstância. Ele investe tempo na manutenção do fandom e, sobretudo, dinheiro para consumir tudo do universo que ama”.
Na pesquisa, 56% dos fãs que se encaixam nesse perfil acreditam que o dinheiro que gastam com produtos ou experiências relacionadas aos seus objetos-ídolos é um investimento em si.
Influenciados
Todos os artistas têm muitos fãs que se encaixam no perfil Influenciado, que é aquele que gosta muito de um objeto-ídolo, mas transita no fandom de forma mais passiva.
“São fãs que se deixam levar muito pela influência de seus círculos sociais e pela força da indústria cultural do que está fazendo sucesso no momento”, entende.
Fabiano conclui que, de maneira geral, o público do Lollapalooza “se baseia muito nesse perfil, que é mais solto e livre, que é mais mainstream e pode mudar de fandom com mais facilidade a depender das suas influências externas”.
A pesquisa “A Era dos Fandom” entrevistou mais de 600 pessoas de todas as regiões do país para traçar o perfil dos brasileiros que, em diferentes níveis de dedicação, fazem parte de fandoms ligados à música, audiovisual (séries e filmes), games e esportes (veja, no gráfico abaixo, a porcentagem de fãs por idade, gênero e região do Brasil).
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