PCE: “Riscos inflacionários nos EUA seguem maiores que riscos à atividade” segundo o ASA

Inflação nos EUA acelera no 4º trimestre: PCE sobe 2,5%

O índice de preços para gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês), principal medida de inflação acompanhada pelo Federal Reserve (Fed), subiu 0,3% em fevereiro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (28. Em 12 meses, o PCE acumulou alta de 2,5%, ainda acima da meta de 2% estabelecida pelo banco central norte-americano.

Já o núcleo da inflação, que exclui os componentes voláteis de alimentos e energia, avançou 0,4% no mês e 2,8% na comparação anual, superando as projeções do mercado, que esperavam +0,3% no mês e +2,6% em 12 meses.

PCE: Núcleos pressionam política monetária

A leitura de fevereiro trouxe preocupação adicional ao mercado porque reforça a persistência da inflação, especialmente no núcleo, que mostra os efeitos mais duradouros da alta de preços na economia. A expectativa era de uma desaceleração, mas os dados surpreenderam negativamente, indicando que o caminho até a meta de 2% ainda é longo.

Em janeiro, tanto o PCE cheio quanto o núcleo haviam subido 0,3% no mês, com o núcleo acumulando alta de 2,6% em 12 meses. O avanço de fevereiro, portanto, mostra uma tendência de reaceleração no núcleo inflacionário.

Fed em compasso de espera

A divulgação acontece poucos dias após o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) ter decidido manter os juros entre 4,25% e 4,50%. Embora o Fed tenha mantido o cenário base de dois cortes de juros em 2025, o desempenho do núcleo do PCE pode levar os membros do comitê a reavaliar o cronograma de flexibilização monetária.

A leitura mais forte da inflação pode adiar os cortes esperados, uma vez que o Fed depende de uma trajetória clara de desaceleração dos preços para iniciar a redução dos juros com segurança.

Tarifas de Trump agravam o cenário

Além dos dados de inflação, outro fator começa a preocupar o mercado: o avanço das medidas protecionistas por parte do presidente Donald Trump. Nesta semana, Trump confirmou a imposição de tarifas de 25% sobre carros e autopeças importadas.

Economistas alertam que o movimento, embora possa estimular a produção doméstica, deve pressionar ainda mais os preços — aumentando o risco de uma inflação persistente. Um novo pacote de tarifas recíprocas deve ser anunciado nos próximos dias, o que pode acentuar o impacto inflacionário no médio prazo.

PCE para além dos números

Segundo Andressa Durão, economista do ASA, os dados do PCE reforçam a necessidade de postura cautelosa por parte do Federal Reserve. Para a especialista, “os riscos altistas para a inflação ainda se sobrepõem aos riscos para a atividade econômica“, o que justifica a manutenção das taxas de juros nos níveis atuais por mais tempo. Durão avalia que o Fed deve seguir atento aos próximos dados antes de sinalizar qualquer corte na taxa básica.

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