Veja íntegra do voto de Alexandre de Moraes no julgamento que tornou Bolsonaro réu


Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) leu seu voto durante o julgamento realizado na quarta-feira (27). “A denúncia ressalta que Jair Messias Bolsonaro tinha pleno conhecimento das ações da organização criminosa”, disse. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes divulgou nesta quinta-feira (27) a íntegra do voto do relator do inquérito que tornou Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados réus por tentativa de golpe de Estado. O voto foi lido durante o julgamento na quarta-feira (26).
A decisão para aceitar a denúncia da Procuradoria-geral da República (PGR) e abrir uma ação penal na Corte foi unânime. O processo criminal pode levar à prisão do ex-presidente (entenda o que acontece agora).
Moraes disse no voto que há indícios “razoáveis” da atuação do ex-presidente como líder da organização criminosa que planejou os atos. A leitura do voto de Moraes levou uma hora e cinquenta minutos.
“A denúncia ressalta que Jair Messias Bolsonaro tinha pleno conhecimento das ações da organização criminosa. Destaca que, mesmo após a derrota, as Forças Armadas emitissem nota técnica para manter fidelidade de apoiadores”, afirmou.
Veja aqui a íntegra.
Moraes diz que há indícios para aceitar a denúncia contra Bolsonaro
Sobre as condutas de Bolsonaro, Moraes disse que:
os indícios reunidos pela PGR apontam Bolsonaro como líder da organização criminosa e demonstram a participação do ex-presidente da República;
em 2021, Bolsonaro começou a organizar uma “estratégia para difundir notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro”, incluindo uma live naquele ano ao lado do então ministro Anderson Torres;
a partir da live, Bolsonaro se utilizou das “milícias digitais” e do “gabinete do ódio” para distribuir notícias falsas;
ainda como presidente, Bolsonaro coordenou os integrantes do governo para atuarem “de modo ilícito” na construção de uma narrativa para atacar as instituições;
em discurso na Avenida Paulista, em São Paulo, em 2021, Bolsonaro disse que não cumpriria mais as decisões de Moraes;
o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontou desvio de finalidade na reunião de Bolsonaro com embaixadores e, por isso, o ex-presidente está inelegível;
no episódio do relatório das Forças Armadas contra as urnas eletrônicas, a conclusão do documento “foi feita de forma patética” ao dizer que “não há possibilidade de comprovar que não haverá nenhuma fraude”;
o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, recebeu uma “missão” de Bolsonaro de “comprovar que a eleição era fraudulenta”;
a denúncia da PGR “demonstrou o conhecimento de Bolsonaro sobre o plano criminoso Punhal Verde e Amarelo”;
a minuta do golpe deixa claro que houve discussões sobre uma ruptura democrática;
após a derrota nas urnas, Bolsonaro determinou que as Forças Armadas emitissem uma “nota técnica” para manter os apoiadores em frente aos quartéis.
Tabela em voto de Moraes no julgamento que tornou Bolsonaro réu por tentativa de golpe.
Reprodução
Quem são os denunciados que se tornaram réus:
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.