Enterrada mulher que morreu após perder filho e útero em maternidade de Campina Grande


O marido da vítima denunciou que a mulher teria sido vítima de negligência médica durante o parto, em fevereiro. Danielle Cristina teve o útero retirado, e o bebê morreu na maternidade do município. Danielle Cristina, de 38 anos, teve o útero removido após complicações durante o parto
Reprodução/TV Paraíba
Maria Danielle Cristina Morais Sousa, de 38 anos, foi sepultada na tarde desta quarta-feira (26) em um cemitério particular no bairro do Velame, em Campina Grande. Ela faleceu na terça-feira (25), vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico, após seu marido denunciar que ela sofreu negligência médica no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), em Campina Grande, resultando na morte do bebê durante o parto e na retirada do útero.
Segundo o marido de Maria Danielle, Jorge Elô, ela acordou bem na terça-feira. No entanto, ao se sentar na cama, sentiu uma dor de cabeça intensa, começou a gritar e caiu no chão. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, e ela foi encaminhada ao Hospital Pedro I pela manhã. No período da tarde, o marido recebeu a notícia de seu falecimento.
A Secretaria de Saúde de Campina Grande divulgou uma nota lamentando a morte de Danielle. Segundo a pasta, a mulher se recuperou bem de uma segunda cirurgia realizada no Hospital Doutor Edgley, e tinha recebido alta no domingo (23). A secretaria relatou que ela foi internada no Hospital Pedro I com sinais de um possível Acidente Vascular Cerebral hemorrágico.
Na manhã desta quarta-feira, a Prefeitura de Campina Grande afirmou que a morte de Maria Danielle não teria ligação direta com a perda do filho no parto e a retirada do útero. De acordo com a pasta, a paciente já possuía comorbidades e possíveis doenças genéticas que podem ter relação com o Acidente Vascular Cerebral (AVC) que resultou na morte de Danielle.
Quando a denúncia de negligência foi divulgada, a Secretaria de Saúde de Campina Grande decidiu afastar, no dia 11 de março, os profissionais da maternidade que atenderam Maria Danielle durante o parto. Segundo o pai da criança, a mulher recebeu uma superdosagem de um medicamento para induzir o parto.
Além da Secretaria de Saúde, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) abriu uma investigação preliminar para apurar a possível negligência médica envolvida no ocorrido.
A Polícia Civil da Paraíba afirmou que será realizado um exame cadavérico no corpo da mulher para uma avaliação geral da situação. Os laudos periciais sobre a retirada do útero e a morte do bebê ainda estão em produção, e o inquérito segue na fase de depoimentos, com previsão de conclusão nos próximos dias.
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Entenda o caso
Segundo o pai da criança, Jorge Elô, a mulher deu entrada na unidade hospitalar no último dia 27 de fevereiro. Na manhã do dia seguinte, exames indicaram a viabilidade de um parto vaginal, e a equipe médica iniciou a indução com comprimidos intravaginais.
Naquele momento, souberam que o mesmo médico que realizava o pré-natal particular da gestante estaria de plantão naquela noite no ISEA. Na madrugada do dia 1º de março, o médico substituiu a medicação por uma intravenosa, intensificando as contrações.
Por volta das 6h daquele dia, segundo relato do pai, duas enfermeiras do hospital atenderam a mãe da criança. Uma constatou que a cabeça do bebê já estava coroada, enquanto a outra aumentou a dosagem da medicação sem, segundo ele, consultar o médico.
“Ela começou a vomitar e a tremer de frio. Ao procurarmos ajuda, ouvimos que era ‘normal’. Desesperada, [a vítima] implorou para não ficar sozinha, mas as profissionais a abandonaram, alegando ter outras gestantes para atender. Nosso médico de confiança havia ido embora do plantão sem sequer nos ver”, afirmou nas redes sociais.
Ainda de acordo com Jorge Elô, o trabalho de parto parou de evoluir, e as profissionais teriam culpado Danielle por não ter “colaborado”. O pai relatou que, minutos depois, elas teriam forçado a mulher a fazer força, mas ela desmaiou e estava sem pulso. Nesse momento, a levaram às pressas para a cirurgia.
Em entrevista à rádio CBN João Pessoa, o pai da criança afirmou que, após sua esposa ser levada para a sala de cesárea, ficou sem notícias sobre o que estava acontecendo. Quando finalmente entrou no local, viu a equipe médica retirando o bebê já sem vida e segurando o útero da mãe.
De acordo com o delegado Rafael Pedrosa, o caso está sendo investigado pela Polícia Civil. A investigação avançará com o depoimento de testemunhas e o resultado de laudos periciais, incluindo exames no corpo do recém-nascido, exame toxicológico, exame de lesão corporal na mãe do bebê e análise pericial do útero, que foi levado separadamente.
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