Sem ser convidado, vice de Trump anuncia ida a Groenlândia para ‘inspecionar segurança’; premiê fala em ‘pressão inaceitável’


Visita de JD Vance, marcada para sexta-feira (28), mostra aumento da pressão do governo Trump para tentar assumir a ilha. Primeiros-ministros da Groenlândia e da Dinamarca reagiram contrariados. O vice-presidente norte-americano JD Vance durante reunião em Paris
REUTERS/Leah Millis
O vice-presidente americano JD Vance anunciou uma visita à Groenlândia para esta sexta-feira (28).A delegação americana vai a uma base militar americana em Avannaata para, segundo Vance, “verificar o que está acontecendo com a segurança” no país.
Inicialmente, o grupo de norte-americanos que iria ao país incluía apenas a esposa do vice-presidente, Usha Vance, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Waltz, e o secretário de Energia, Chris Wright. Mas, como comunicado nesta terça (25), Vance também estará presente.
“Houve muita empolgação em torno da visita de Usha à Groenlândia, nesta sexta-feira, que eu decidi que não queria que ela se divertisse sozinha, então vou me juntar a ela”, afirmou JD Vance em vídeo publicado nas redes sociais.
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Essa não é a única alteração no planejamento dos EUA. Em um primeiro momento, foi anunciado que Usha iria ao país apenas para assistir a uma corrida de trenós puxados por cães, mas isso foi cancelado e ela também ira visitar a base.
Diante da mudança de planos que inclui uma figura de maior autoridade, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen afirmou que os EUA estão exercendo uma “pressão inaceitável” sobre a Groenlândia.
“Devo dizer que é inaceitável que a pressão seja colocada sobre a Groenlândia e a Dinamarca nessa situação. E é uma pressão à qual resistiremos”, disse ela à imprensa dinamarquesa..
Na segunda (24), ainda quando Vance não estava confirmado na viagem, o primeiro-ministro interino, Mute Egede, chamou a visita de “interferência estrangeira”, e garantiu que não haverá “nenhuma reunião” com a delegação.
“Os americanos foram claramente informados que só poderá haver reuniões após a posse do novo governo. É necessário ressaltar que nossa integridade e nossa democracia devem ser respeitadas sem qualquer interferência estrangeira”, afirmou Egede no Facebook.
Primeiro-ministro da Groelândia, Mute Egede, durante discurso em 10 de janeiro de 2025.
Claus Rasmussen/Ritzau Scanpi/via REUTERS
Em entrevista ao jornal local “Sermitsiaq”, Egede, que governa a Groenlândia de forma interina desde a derrota de seu partido nas recentes eleições legislativas, chamou a visita de “provocação” e lamentou:
“Até recentemente, podíamos confiar nos americanos, que eram nossos aliados e amigos, e com quem gostávamos de trabalhar de perto, mas esse tempo acabou”.
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O provável sucessor do premiê, Jens-Frederik Nielsen, líder do partido de centro-direita que venceu as eleições, classificou os comentários de Trump sobre seu desejo de anexar a Groenlândia como “inapropriados” há uma semana.
No início deste mês, manifestantes antiamericanos se reuniram em diferentes cidadades da ilha, incluindo a capital Nuuk, em manifestações.
Segundo a agência de notícias Reuters, pesquisas apontam que a maioria dos groenlandeses se opõem à adesão aos Estados Unidos.
As declarações de Trump sobre a Groenlândia
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já expressou em várias ocasiões o desejo de assumir o controle do território, que pertence à Dinamarca, e não descartou o uso da força para isso.
No dia 13 de março, durante um encontro com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, o republicano foi questionado sobre a possibilidade de anexar a Groenlândia aos Estados Unidos por um repórter e afirmou que a aquisição seria importante para a “segurança internacional”, não só dos EUA.
“Acho que vai acontecer. Precisamos disso para a segurança internacional. Temos muitos dos nossos jogadores favoritos navegando pela costa e temos que ter cuidado”, afirmou.
Coberta em 80% por gelo e com 57 mil habitantes – quase 90% deles inuítes -, a Groenlândia é a maior ilha do mundo e possui hidrocarbonetos e minerais importantes para a transição energética.
Na segunda-feira, Trump voltou a dizer que os EUA devem assumir a Groenlândia, dizendo que a vasta ilha era importante para a segurança nacional dos EUA.
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