Há cem anos, Laguna ganhava segundo jornal diário de sua história

Em um dia 24 de março com este, mas há cem anos, pela segunda vez na história, a imprensa lagunense acompanhava o surgimento de um jornal diário. Depois de A Tarde, editada de 1914 a 1917, a nova gazeta foi A Cidade, que circulava sempre no começo da tarde, mas depois passou a sair logo cedo, nas primeiras horas da manhã.

A empreitada foi de Tito Carvalho e Godofredo Marques, dois nomes que marcaram época no jornalismo daqui e de Santa Catarina durante os primeiros quarenta anos do século 20. O jornal era editado nas oficinas da Tipografia Pátria, a mesma que havia impresso o primeiro diário uma década antes. O maquinário ainda era o mesmo, uma máquina Alauzet movida a vapor – depois, foi instalado um motor elétrico – e um prelo Liberty.

Em um português poético e um linguajar que beira o romantismo, o programa editorial foi assim apresentado: “Temos a visão nítida do futuro do sul catarinense, de que o presente vem sendo uma afirmação impressiva. E a nós, toca-nos o dever de convergir o contingente, diminuto embora, mas sincero sempre, do nosso trabalho, para essa empreitada engrandecedora. Assim, a região sul catarinense, compreendendo ainda a serrana, e, notadamente, a de São Joaquim e Lages, terá a nossa pena ao serviço da propaganda de suas possibilidades, que merecem conhecidas, exploradas, pela sua possança econômica, pela sua capacidade produtora”.

O jornal, como impresso diário, se notabilizou por registrar fatos que ocorriam no dia a dia da cidade, desde o primeiro acidente de automóvel em 1927 à instalação da Companhia Telefônica Catarinense, a partir de 1928. Também foi a gazeta que promoveu o concurso de Miss Laguna vencido pela jovem senhorinha Ludinira Fonseca, que viria a ser primeira-dama da cidade, esposa do médico Paulo Carneiro.

Como é de se imaginar, a manutenção de um impresso cotidiano é custosa e em 1927 suspendeu a publicação e retornou em 1929, já como um bissemanário. Em 1930, adotou a circulação semanal e foi assim até 1931, quando parou de ser impresso. Voltou em julho de 1933 e seguiu até dezembro de 1935, último mês de sua existência. Deixou de registro, um acervo de 928 números impressos, que podem ser consultados na Biblioteca Pública do Estado, em Florianópolis.

Diários

Vale registrar ainda que, em 1937, chegou a ser cogitada a criação de um novo com a união que ficou chamada de Diários Associados do Sul, entre A Notícia (Joinville), A Gazeta (Florianópolis) e Diário da Noite (Curitiba). Não foi adiante.

Já a região de Laguna voltaria a acompanhar o surgimento de um diário apenas em 1994, com o jornal Diário do Sul, que completará 31 anos em abril. Vinte anos antes, em 1974, havia a intenção de o semanário Nosso Jornal, de Edgar Nunes, se tornar impresso diário, mas a enchente de março, que nesta segunda, 24, completa 51 anos, fez com que o plano fosse abandonado.

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