Dólar abre em leve alta, com investidores reagindo a nova alta de juros dos Copom


No dia anterior, a moeda americana recuou 0,43%, ao menor patamar desde outubro. Já o principal índice da bolsa encerrou em alta de 0,79%, aos 132.508 pontos. Mulher segura notas de dólar, dinheiro
Karolina Grabowska/Pexels
O dólar abriu em leve alta nesta quinta-feira (20), com o mercado reagindo à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), anunciada na quarta, de elevar mais uma vez a Selic, taxa básica de juros do país.
Conforme já era esperado, a alta foi de 1 ponto percentual, o que levou a taxa Selic a 14,25% ao ano, o maior patamar desde a crise do governo Dilma, entre 2015 e 2016. O Copom também adiantou, em seu comunicado após a decisão, que pode promover um novo aumento nos juros, mas com uma menor magnitude.
Boa parte dos agentes do mercado financeiro acredita que a taxa Selic deve bater os 15% ao ano em 2025, em meio a uma inflação persistente. Os juros são o principal mecanismo do BC para tentar controlar o avanço dos preços, puxado por fatores externos, como preço do dólar e questões climáticas que impactam os alimentos, mas também por um consumo acelerado no país.
Também nesta quarta-feira, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, anunciou a manutenção das taxas de juros entre 4,25% e 4,50% ao ano, em linha com o esperado pelo mercado.
Com as decisões dos dois bancos centrais, o diferencial de juros entre Brasil e EUA cresceu, o que tende a atrair mais investimentos para os títulos brasileiros — que, com taxas maiores, oferecem mais rentabilidade.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
Às 09h10, o dólar subia 0,12%, cotado a R$ 5,6543. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana teve baixa de 0,43%, cotada a R$ 5,6474.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,67% na semana;
recuo de 4,54% no mês; e
perda de 8,61% no ano.

a
📈Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na véspera, o índice teve alta de 0,79%, aos 132.508 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
alta de 2,75% na semana;
avanço de 7,91% no mês; e
ganho de 10,16% no ano.

O que está mexendo com os mercados?
No começo da noite desta quarta-feira, o Copom anunciou sua decisão de elevar a taxa Selic ao patamar de 14,25% ao ano, conforme já era amplamente esperado pelo mercado.
Essa foi a quinta alta consecutiva dos juros no país, mas, em nota, após a reunião do Copom, o BC indicou que ainda poderá aumentar novamente a Selic na próxima reunião, marcada para 6 e 7 de maio.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião”, diz o comunicado.
Até fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já acumula uma alta de 5,06% em 12 meses. Até o fim de 2025, a expectativa do mercado, segundo o relatório de projeções do BC, o Boletim Focus, é de uma inflação anual de 5,66%.
Se esse patamar se confirmar, a inflação vai encerrar mais um ano acima da meta do BC. A meta é de 3% e, para ser considerada formalmente cumprida, precisa estar em um nível entre 1,50% e 4,50%.
“Essa decisão encarece o crédito, reduz o consumo e pode desacelerar a economia no médio prazo, mas reforça o compromisso com a estabilidade de preços”, pontua Sidney Lima, analista de investimentos da Ouro Preto Investimentos.
“No entanto, sem ajustes fiscais e um ambiente econômico confiável, os efeitos positivos da alta dos juros podem ser limitados”, afirma.
Antes do Copom, durante a tarde, o Fed decidiu manter as taxas de juros entre 4,25% e 4,50% ao ano. Os dirigentes do Fed indicaram que as incertezas econômicas aumentaram, mas sinalizaram dois possíveis cortes de juros ainda neste ano.
Economistas têm alertado sobre os impactos das tarifas aplicadas pelo presidente americano, Donald Trump. Algumas tarifas estão em vigor, enquanto outras foram suspensas. Leia mais sobre o assunto aqui.
Essas taxas podem aumentar a inflação nos EUA, já que elevam os custos de produção e podem ser repassados ao consumidor final. Além disso, a incerteza causada pelas tarifas e ameaças tem prejudicado a confiança dos consumidores, levantando temores de desaceleração ou até recessão na maior economia do mundo.

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