Cinco soluções que grandes cidades adotaram para despoluir seus igarapés

A despoluição de rios e igarapés urbanos tornou-se uma prioridade global, especialmente com o aumento da poluição proveniente de resíduos sólidos, esgoto e atividades industriais.

Segundo o relatório “What a Waste 2.0” do Banco Mundial, cerca de 2 bilhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos são geradas anualmente no mundo, e essa quantidade pode atingir 3,4 bilhões até 2050, o que representa um crescimento de quase 70%.

A recuperação dessas águas demanda a adoção de técnicas e soluções inovadoras, que estão transformando a forma como as cidades enfrentam a poluição em seus corpos d’água. A seguir, destacamos cinco dessas abordagens.

Revitalização do Rio Cheonggyecheon – Seul, Coreia do Sul

O projeto de revitalização do Cheonggyecheon em Seul é um dos maiores exemplos de recuperação urbana de um corpo d’água.

Investindo US$ 900 milhões, a cidade removeu uma estrada expressa que cobria o rio e criou um sistema de drenagem eficiente.

Além disso, reflorestaram as margens e implementaram um sistema de tratamento de águas pluviais. O resultado foi a recuperação do ecossistema aquático e um aumento da qualidade de vida para os moradores, com um rio limpo que se tornou uma área de lazer.

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Super Sewer – Londres, Reino Unido

Londres implantou o projeto Super Sewer, que envolve a construção de um túnel subterrâneo de US$ 4,2 bilhões para coletar e tratar esgoto não tratado durante chuvas fortes.

O sistema reduz drasticamente a poluição do rio Tâmisa, evitando que efluentes sejam despejados diretamente nas águas.

Esse projeto é um modelo de como a infraestrutura pode ser usada para tratar a poluição de forma eficiente, garantindo águas mais limpas e saudáveis.

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ABC Waters Program – Cingapura

Cingapura tem se destacado pela utilização de soluções naturais e sustentáveis com o ABC Waters Program. Com um investimento de US$ 300 milhões, o programa combina o uso de zonas úmidas e jardins flutuantes para filtrar poluentes das águas pluviais.

Essa abordagem inovadora também promove a educação ambiental e a preservação da biodiversidade, sendo um exemplo de como técnicas ecológicas podem ser aplicadas para tratar águas urbanas de forma eficiente e de baixo custo.

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Biorremediação – Toronto, Canadá

Em Toronto, a biorremediação tem sido utilizada como uma solução eficaz para a despoluição dos rios urbanos. A técnica envolve o uso de microorganismos para decompor compostos orgânicos e poluentes.

Com um investimento de US$ 35 milhões, a cidade implementou o processo de biorremediação em áreas críticas de seus rios, observando uma melhoria na qualidade da água e na recuperação de ecossistemas locais.

Essa técnica é uma alternativa sustentável que reduz a necessidade de produtos químicos para o tratamento da água.

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Armazenamento Subterrâneo de Águas Pluviais – Nova York, EUA

O sistema de armazenamento subterrâneo de águas pluviais de Nova York, que custou US$ 1 bilhão, foi desenvolvido para capturar águas pluviais excessivas e evitar que elas se misturem com o esgoto não tratado.

O sistema, que armazena temporariamente o excesso de água, é uma solução para prevenir a poluição de corpos d’água como o rio Hudson.

Essa infraestrutura de drenagem inteligente contribui para a melhoria da qualidade da água e ajuda na redução das inundações.

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Igarapés poluídos da capital da Amazônia

Segundo dados da Prefeitura de Manaus e estudos da Academia de Ciências do Amazonas (ACA), a capital do Estado é cortada por 130 igarapés, com uma extensão superior a 200 km.

Esse vasto sistema hidrográfico coloca Manaus diante de um dos maiores desafios de despoluição do Brasil, exigindo soluções para garantir a sustentabilidade e a qualidade ambiental dos seus corpos d’água.

O descarte inadequado de resíduos e o tratamento de esgoto são os principais fatores que agravam a poluição desses cursos d’água.

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), 72 mil toneladas de resíduos domésticos são geradas mensalmente na cidade, e grande parte desses resíduos acaba nos igarapés e rios urbanos.

Atualmente, mais de 1,5 milhão de manauaras não têm acesso à coleta de esgoto, e apenas 21,8% do esgoto gerado é tratado, segundo relatório do Trata Brasil.

Diferente dos exemplos das grandes cidades, Manaus aposta na implementação de ecobarreiras. Dez já foram instaladas em pontos estratégicos dos igarapés de Manaus, incluindo locais como os igarapés do Franco, do 40, do Passarinho, e em áreas como avenida do Samba, Coroado, Mindu, Alvorada, São Francisco, Parque dos Gigantes e bairro da União.

Essas barreiras funcionam como filtros, retendo o lixo flutuante, como plásticos e garrafas PET, que de outra forma seguiria para os rios.

A necessidade de ecobarreiras torna-se ainda mais evidente com as chuvas intensas que afetam a cidade, ajudando a evitar que grandes volumes de resíduos comprometam a qualidade da água.

Embora desempenhem um papel importante na redução do lixo visível, elas não são suficientes para resolver o problema de forma definitiva.

Sérgio Duvoisin, pesquisador da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), afirma que a revitalização dos igarapés de Manaus é possível, mas deve ser vista como um esforço conjunto. Para o pesquisador, a retenção dos resíduos é parte da solução, afinal a água segue contaminada.

“Conseguiremos em um prazo curto revitalizar os igarapés de Manaus com a utilização das ecobarreiras, o negócio é não jogar mais lixo nesses locais. É um trabalho da gestão pública e a conscientização da população, o lixo tem que ser colocado no lixo. E, com isso, o igarapé pode voltar à vida que tinha sim…”, explicou.

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