Natura (NTCO3): Bradesco BBI avalia que queda das ações ‘foi longe demais’ e mantém recomendação de compra

Após uma queda de 30% na última sexta-feira, as ações da Natura (NTCO3) amargam mais uma baixa no pregão desta segunda (17). Às 14h15 (horário de Brasília) os papéis recuavam 3,05%, a R$ 9,21. Acompanhe o tempo real.

Na avaliação dos analistas Pedro Pinto, do Bradesco BBI, e Flávia Meirelles, da Ágora Investimentos, a queda das ações “foi longe demais” e está aparentemente separada da revisão das estimativas para baixo.

Os analistas mantêm a recomendação de compra para NTCO3 enquanto avaliam todas as informações marginais sobre a companhia, sem descartar completamente a validade da tese de investimento.

Na visão do banco, a divulgação dos resultados do quarto trimestre não justifica uma revisão de estimativas para baixo de 30%.

No entanto, os analistas reconhecem a existência de razões para alguma redução dos múltiplos e uma redução da disposição do mercado em dar o “benefício da dúvida”.

Por que as ações da Natura caíram tanto?

Para o Bradesco BBI, a forte queda das ações pode ser explicada por uma combinação de fatores: revisões negativas nas estimativas, rebaixamento das expectativas de “desancoragem”, menor concessão do “benefício da dúvida” e uma abordagem de mercado pautada em “vender primeiro, perguntar depois”.

Os analistas lembram que a teleconferência após a divulgação dos resultados abordou dois pontos que levantaram mais perguntas do que respostas sobre a revisão das margens daqui em diante: a margem bruta e os custos de transformação.

Em relação à margem bruta, a gestão da Natura atribuiu grande parte da perda ao impacto da Argentina, mas sem fornecer uma quantificação específica, segundo os analistas.

“Eles argumentaram que a margem bruta da unidade de negócios Natura&Co na América Latina teria se expandido consideravelmente em base anual se excluíssemos a Argentina. Ainda não está claro para nós se a pressão da margem bruta da Argentina é mais de natureza contábil ou operacional e se há alguma implicação em 2025”, colocam os analistas.

Já os custos de transformação resultaram em um impacto de margem de cerca de 2 a 2,5 pontos percentuais nos últimos dois anos.

O BBI pontua que a gestão mencionou que esses custos podem ser pesados novamente em 2025, sem os quantificar, mas sugerindo que ainda há muito a ser feito, enquanto o mercado e a casa esperavam que este aspecto desacelerasse neste ano.

O que está no radar do mercado?

O mercado ainda digere os resultados do quarto trimestre de 2024 da companhia, que decepcionou. Na contramão do Bradesco BBI, o banco JP Morgan rebaixou as ações de compra para neutra, com um preço-alvo de R$ 11, após classificar o balanço como uma surpresa negativa. Veja mais aqui.

Nem o anúncio de um programa de recompra de ações inibiu a Natura de mais um dia de queda. Na manhã desta segunda, a companhia informou ao mercado que o conselho de administração aprovou a aquisição de até 52.631.578 ações ordinárias da companhia, equivalentes a até 3,8% do total e 6,2% das que estão em circulação.

Vale pontuar que um programa de recompra pode ter diversas motivações, como a crença pela empresa de que as ações estão baratas; distribuição de ações aos executivos como bônus sem a emissão de novos papéis; geração de valor ao acionista.

Conforme o documento, o objetivo da Natura é maximizar a geração de valor para os acionistas, por meio da aquisição das ações para permanência em tesouraria, bonificação ou cancelamento das ações, sem redução do capital social.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.