IBC-Br sobe, mas incertezas pesam: o que diz o mercado?

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O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) avançou 0,90% em janeiro de 2025, superando a projeção do mercado, que estimava uma alta de 0,22%. O resultado indica um início de ano mais forte para a economia brasileira, mas especialistas alertam que a sustentabilidade desse crescimento ainda depende de fatores internos e externos, incluindo a política monetária e o cenário fiscal.

Crescimento resiliente, mas desafios persistem

Para Pedro Ros, CEO da Referência Capital, o dado reforça um cenário de crescimento resiliente, puxado possivelmente pelo setor de serviços e por uma demanda interna ainda aquecida. “Para o Banco Central, o dado gera um dilema: a necessidade de manter um aperto monetário para conter a inflação, enquanto o mercado esperava sinais mais claros de desaceleração. A tendência agora é uma política mais cautelosa na condução da Selic, equilibrando crescimento e estabilidade de preços“, destacou Ros.

Já Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X, adota um tom mais cauteloso e acredita que ainda é cedo para considerar o crescimento sustentável ao longo do ano. “O crescimento ainda está sujeito a vários fatores de risco, como a inflação persistente, o impacto das políticas monetárias do Banco Central e a volatilidade externa. A alta pode ser atribuída a ajustes pontuais em setores específicos, sem refletir uma melhora generalizada da economia“, afirmou.

Impacto na política monetária e inflação

O impacto do resultado sobre as decisões do Banco Central também foi abordado por Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos. Ele destacou que a recuperação gradual da economia global e a estabilização dos preços das commodities beneficiaram as exportações brasileiras, especialmente nos segmentos de agronegócio e mineração. “Esse desempenho acima das expectativas pode levar o Banco Central a manter a Selic elevada para conter possíveis pressões inflacionárias decorrentes desse aquecimento econômico“, explicou.

Volnei Eyng, CEO da Multiplike, reforçou que o crescimento mais forte da economia pode influenciar o Copom a manter a taxa de juros elevada por mais tempo. “As fotografias dos dados anteriores apontavam para uma desaceleração da economia, mas esta prévia do PIB vem em contraponto, o que o BC deve pesar na balança para as próximas decisões da Selic, que pode permanecer por mais tempo elevada“, disse.

IBC-Br: visão de longo prazo e riscos externos

A incerteza sobre a continuidade do crescimento também foi levantada por Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, que enfatizou o papel do cenário externo na retomada econômica. “O resultado indica uma retomada mais forte da atividade econômica, impulsionada pelos setores de serviços e indústria, além de um ambiente externo mais favorável com a recuperação de parceiros comerciais“, destacou Monteiro.

Já Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, pontuou que o crescimento de 0,90% no IBC-Br pode ser um reflexo de fatores pontuais, e que o cenário fiscal ainda é um ponto de atenção. “O Banco Central deve analisar cuidadosamente se esse crescimento é sustentável ou se decorre apenas de ajustes momentâneos. O fator fiscal e o comportamento da inflação seguirão sendo determinantes para o direcionamento da política monetária“, explicou.

IBC-Br e a expectativa para a Selic e decisões do Copom

Com o mercado já antecipando uma elevação de 1 ponto percentual na Selic, levando a taxa para 14,25% ao ano, João Kepler, CEO da Equity Group, reforçou que o crescimento econômico, se sustentado, pode pressionar ainda mais a inflação. “O crescimento do PIB acima do esperado coloca pressão adicional sobre o Banco Central para ajustar a política monetária, visando conter a escalada dos preços e manter a estabilidade econômica“, disse Kepler.

Diante desse cenário, o desempenho positivo do IBC-Br em janeiro levanta questionamentos sobre a trajetória da economia nos próximos meses. Se por um lado os dados indicam uma atividade econômica aquecida, por outro, os riscos fiscais e as decisões do Banco Central podem definir o ritmo do crescimento ao longo de 2025.

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