Em meio à cheia do Rio Acre, famílias são levadas a abrigo em Rio Branco: ‘só sabe quem passa’, diz morador


Pelo menos 50 famílias que estão desabrigadas devem ser levadas ao local instalado no Parque de Exposições Wildy Viana a partir desta sexta-feira (14). Espaço contará com atendimento da Defensoria Pública e Ministério Público, além de entretenimento para crianças e espaço para animais de estimação. Famílias começam a ser levadas ao abrigo no Parque de Exposições
As famílias desabrigadas por conta da cheia do Rio Acre começaram a ser levadas ao abrigo montado no Parque de Exposições Wildy Viana, nomeado como Parque Abrigo, na manhã desta sexta-feira (14), em Rio Branco. Na medição feita pela Defesa Civil municipal às 15h, o manancial subiu mais nove centímetros nas últimas três horas e marcou 15,33 metros.
Anteriormente, ao meio-dia, a marcação era de 15,24 metros, já tendo subido sete centímetros naquela ocasião.
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⚠️Contexto: A cota de alerta do Rio Acre na capital é de 13,50 metros e a de transbordo é de 14 metros em Rio Branco. O manancial na capital está acima desta marca desde segunda-feira (10) e chegou a ter vazante na terça (11) e quarta (12). No entanto, ainda na noite de quarta, voltou a subir e segue neste ritmo a cada medição, que é feita a cada três horas. São, no total:
Pelo menos 1,5 mil famílias diretamente afetadas pela enchente;
Mais de 60 famílias desabrigadas;
Cerca de 25 bairros da capital atingidos.
O espaço contará com atendimento de diversas secretarias, Defensoria Pública e Ministério Público, além de entretenimento para crianças. As famílias permanecerão alojadas em boxes construídos pela prefeitura. De acordo com a prefeitura, a estimativa é de que pelo menos 50 famílias cheguem ao local ainda nesta sexta.
“Neste presente momento aqui no Parque de Exposições, já passam de 7 famílias. Temos trabalhado incessantemente, seguindo a orientação do prefeito Bocalom, para que a gente possa dar o acolhimento necessário às famílias. Estamos prontos aqui para servir com toda a parte lúdica, parte de alimentação, café da manhã. Nós temos aqui todas as secretarias, mas eu gostaria de destacar aqui a presença da Secretaria de Saúde, com um posto móvel aqui, e todas as outras. Serviços que são pertinentes à área do município. Temos trabalhado aí durante a manhã, durante a noite”, explicou o diretor de assistência social do município, Ivan Ferreira.
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Previsão é de pelo menos 50 famílias sejam levadas ao local ainda nesta sexta-feira (14)
Junior Andrade/Rede Amazônica Acre
Cinco anos de transtornos
Jean Costa chegou antes da esposa, que será levada de um hospital até o abrigo
Junior Andrade/Rede Amazônica Acre
O motoboy Jean Costa foi um dos primeiros moradores a chegarem no Parque Abrigo. À Rede Amazônica Acre, ele ressaltou que é o quinto ano consecutivo que ele e a família ficam desabrigados por conta da enchente. Ele mora no bairro Cadeia Velha, e diz que as águas já começaram a atingir casas da região, e por isso decidiu sair de lá.
“Cinco anos consecutivos com esse que eu passo, interrupto, cinco anos consecutivos sem falhar um ano”, desabafou.
A esposa dele passou por uma cirurgia e será levada ao abrigo ainda nesta sexta. Ele cobra uma resposta mais efetiva do poder público diante do cenário de cheia.
“[Sensação] de tristeza, angústia, sofrimento, de ver todo ano você sofrer e o poder público não tomar uma atitude, uma providência. Saber que todo ano a água é naquele lugar e não se manifestar e pegar as pessoas, retirar para parar com esse sofrimento porque a gente perde as coisas. A gente perde tudo, quando volta a casa está a maior porcaria, é lajota se soltando, madeira se soltando. Então o poder público deveria olhar para essa situação. A gente é quem sofre, quem padece, quem sente na alma a dor de estar num lugar desse, dependendo deles, [mesmo] ajudando com um acolhimento bom. Isso é muito doido para a gente, só sabe quem passa”, comentou.
Primeiras famílias foram levadas ao abrigo na manhã desta sexta-feira (14)
Junior Andrade/Rede Amazônica Acre
Orientações
Ao chegarem no Parque de Exposições, as famílias fazem um cadastro e então são direcionadas ao espaço onde poderão se instalar. Elas recebem refeições produzidas por equipes da prefeitura no local.
O coordenador da Defesa Civil da capital alertou para que moradores não tentem se deslocar ao abrigo por conta própria. Segundo o tenente-coronel Cláudio Falcão, é preciso acionar as equipes pelo número 193 para que seja gerada uma ocorrência, e a partir daí a retirada seja feita pelo órgão.
“É muito importante que as famílias entendam que o resgate, a remoção, são feitos pela Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros. Aquelas famílias que tentam vir por conta própria, não façam isso, aguardem e façam sua ligação, que a gente vai até vocês”, ressaltou.
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