Casamento com IA? Inteligências artificiais já são tratadas como ‘parceiras’ por brasileiros

O avanço das inteligências artificiais não apenas transforma setores produtivos e acadêmicos, mas também influencia relações humanas.

Um estudo conduzido pela pesquisadora Carla Mayumi Albertuni, da Talk Inc., revelou que 1 em cada 10 brasileiros usa IA como uma conselheira fiel, reforçando a proximidade entre humanos e tecnologias avançadas. Essa tendência levanta um debate inusitado: as pessoas deveriam ter o direito de se casar com uma IA?

Mayumi destaca que, além do crescimento das IAs, a humanização de assistentes virtuais e avatares gera a impressão de que as interações ocorrem entre pessoas reais.

O fenômeno lembra a trama do filme “Ela” (2013), que narra o relacionamento emocional entre um homem e um sistema operacional dotado de voz e personalidade próprias.

O impacto das IAs nas relações humanas

A pesquisa indicou que muitas pessoas já consideram a IA parte essencial do seu cotidiano, não apenas como ferramenta, mas como um suporte emocional. Entre os entrevistados, alguns relataram que preferem buscar conselhos de assistentes virtuais em vez de conversar com amigos ou familiares.

Durante a palestra, Mayumi relatou o caso de Cristian, um brasileiro que encontrou apoio emocional no ChatGPT ao descobrir que seu filho nascera com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Ele usou a IA não apenas para obter informações sobre a condição, mas também para desabafar e buscar conforto, descrevendo a tecnologia como uma “grande amiga e conselheira”.

Outro dado relevante é que o crescimento da interação com IAs não se restringe apenas a assistentes de bate-papo. Softwares de IA são utilizados em aplicativos de relacionamentos e redes sociais para interagir com usuários, criando conexões que, em alguns casos, se tornam emocionalmente significativas para os indivíduos.

Casamento com IA: ficção ou realidade futura?

A discussão sobre vínculos emocionais entre humanos e IA ganha espaço internacionalmente. Em alguns países, como o Japão, existem histórias de indivíduos que “se casaram” com personagens virtuais.

A possibilidade de tornar tais uniões legais ainda é remota, mas levanta questões éticas e jurídicas sobre o futuro da interação entre humanos e inteligências artificiais.

Especialistas argumentam que, apesar do avanço da IA, essas relações ainda são unilaterais e carentes de reciprocidade real. No entanto, com o desenvolvimento de tecnologias capazes de compreender e responder de forma cada vez mais próxima ao comportamento humano, o debate pode se intensificar nos próximos anos.

Mayumi ressalta que essa tendência não deve ser ignorada, já que os laços emocionais entre humanos e IA já fazem parte da realidade de muitas pessoas.

“E cada vez mais a gente vai ter a sensação de que estamos falando com um humano, com uma pessoa. Porque os avatares vão ficar cada vez mais reais, as vozes mais parecidas e o jeito de falar mais próximo do nosso”, destacou a pesquisadora.

O tema, que pode parecer ficção científica, já desperta reflexões sobre como a tecnologia moldará o comportamento humano e quais são os limites entre inteligência artificial e relações reais no futuro.

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