Petróleo em queda livre: Qual o impacto da derrocada nas empresas brasileiras

O petróleo tem operado em forte queda nas últimas duas semanas e o barril voltou a operar abaixo de US$ 70 o barril. 

O petróleo Brent, referência para o mercado internacional, por exemplo, acumula queda de 6,5% nos últimos quatro dias e atingiu o menor nível desde dezembro de 2021 na última quarta-feira (5). 

Já o West Texas Intermediate (WTI), referência para o mercado norte-americano, opera na menor cotação desde maio de 2023. 

Nesta quinta-feira (6), o óleo bruto tem mais um dia de perdas. Por volta de 13h40 (horário de Brasília), o contrato mais líquido do Brent para maio caía 0,72%, a US$ 68,80 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.

No mesmo horário, contrato do WTI para abril recuava 0,94%, a US$ 65,69 o barril na New York Mercantile (Nymex), nos EUA.

O Santander projeta que o Brent deve se manter no nível de US$ 70 o barril até o final de 2025. 

Os motivos por trás da derrocada do petróleo

Para o Santander, a recente queda do petróleo pode ser explicada pelos fundamentos de oferta e demanda do óleo no mundo. 

Os analistas apontam, pelo menos, três “culpados”: a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), a flexibilização das sanções à Rússia e a guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 

Em 3 de março, a Opep+ aumentar a oferta da commodity em 2,2 milhões de barris por dia (bpd) a partir de abril. 

Na visão dos analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, alguns membros da Opep+ podem ter pressionado o grupo para aumentar a produção, por exemplo, Emirados Árabes Unidos, Cazaquistão, Iraque e Rússia, seja em favor de projetos recentes, seja por necessidade de receitas adicionais. 

Por outro lado, alguns países têm produzido o petróleo acima de suas cotas — o que também pode ter afetado as decisões do grupo.

“Dito isso, notamos que os membros do Opep+ foram enfáticos em relação ao cumprimento e compensação pela superprodução passada no curto prazo”, afirmam os analistas do Santander em relatório. 

Mesmo com os cortes na oferta, o mercado global de petróleo deve seguir desequilibrado, com um excesso de oferta iniciado no segundo bimestre e deste ano, de um lado, e a desaceleração no crescimento da demanda, do outro.  

O impacto nas petroleiras brasileiras 

Na avaliação do Santander, os preços do petróleo Brent mais baixos devem resultar em revisões de investimentos (capex) das principais empresas brasileiras do setor. 

Nas contas do banco, a Prio (PRIO3) é a companhia que vai “se sair melhor” com um barril cotado a US$ 65, dado seu baixo custo de elevação e capex relativamente limitado em 2025, já que uma parte significativa do capex do Wahoo já foi feito. 

“Embora entendamos que a convicção no setor seja reduzida em um cenário de preços de petróleo persistentemente mais baixos, a Prio seria nossa escolha preferida se o petróleo continuasse a cair”, afirmam os analistas. 

A visão é sustentada pela capacidade da junior oil em gerar fluxo de caixa livre (FCF) sólido em meio a preços baixos do petróleo e visibilidade cada vez maior em relação ao programa de trabalho da empresa para os próximos anos — dado o licenciamento ambiental e autorizações “que parecem estar avançando”, diz o relatório. 

Os analistas ainda afirmam que a Brava Energia (BRAV3) tem apresentado um desempenho operacional “robusto” que “ajudaria” a companhia a resistir um cenário de barril do Brent a US$ 60. 

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Nas contas dos analistas, em um cenário de US$ 65 o barril — abaixo da projeção do banco para 2025 —, a Prio deve gerar um rendimento de FCF de cerca de 20% em 2025. Já a PetroReconcâvo (RECV3) geraria um rendimento de FCF de 14%; Petrobras (PETR3;PETR4) de 7% e Brava Energia (BRAV3), 4%. 

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