Ibovespa fecha em leve alta, mas Petrobras despenca com queda do petróleo

Ibovespa fecha em queda com mercado aguardando o Copom

O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (5) com leve alta de 0,2%, aos 123.047 pontos, após um dia de volatilidade influenciado pela forte queda do petróleo e pelo desempenho do setor de mineração. O mercado brasileiro retornou do feriado de Carnaval operando em horário reduzido, acompanhando um cenário externo movimentado, marcado por tensões geopolíticas, tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e dados fracos da economia americana.

Petróleo despenca e pressiona Petrobras

O grande destaque negativo do dia foi a forte desvalorização do petróleo Brent, que caiu 3,7%, sendo negociado a US$ 68,40 por barril. A queda é reflexo do aumento da produção anunciado pela OPEP+, da sinalização de um possível cessar-fogo na guerra da Ucrânia e de números fracos da economia dos Estados Unidos.

Segundo Josias Bento, sócio da GT Capital, a pressão no preço do petróleo já vem de alguns dias e segue impactando as ações das petroleiras.

“O petróleo vem acumulando essas quedas; os fatores principais são divulgações em relação à OPEP+, tarifas de Donald Trump e o conflito entre Rússia e Ucrânia. Essa volatilidade se reflete nas empresas do setor aqui no Brasil.”

A Petrobras (PETR3, PETR4) sofreu forte impacto e fechou o dia em queda de 4,53% e 3,62%, respectivamente. Outras petroleiras também tiveram perdas expressivas: a Brava Energia despencou 8%, enquanto a Prio (PRIO3) caiu 2,5%.

Dólar cai forte e impulsiona setor exportador

O dólar comercial recuou quase 3%, fechando cotado a R$ 5,75, o que beneficiou algumas empresas exportadoras, especialmente do setor de alimentos e papel e celulose. Entre as maiores altas do Ibovespa, destacaram-se Minerva (BEEF3), com ganho de 3,85%, e Klabin (KLBN11), que subiu 1,47%.

Josias Bento explicou que essa queda do dólar tem relação direta com o desempenho da economia americana.

“Os dados de emprego privado nos Estados Unidos vieram muito abaixo do esperado, o que acende um alerta para a economia americana. Isso pode levar o Fed a reduzir os juros mais cedo do que o previsto, o que pressiona o dólar para baixo e fortalece moedas de mercados emergentes, como o real.”

Vale sobe e ajuda a sustentar o Ibovespa

Apesar da volatilidade, o setor de mineração ajudou a sustentar o Ibovespa no positivo. A Vale (VALE3) fechou com alta de 0,8%, acompanhando a expectativa de novos estímulos econômicos na China, que podem impulsionar a demanda por minério de ferro.

A commodity, no entanto, teve leve queda no mercado internacional, com contratos futuros do minério de ferro em Cingapura recuando 1,12%, refletindo incertezas sobre o ritmo da recuperação da economia chinesa.

O que esperar para os próximos dias?

Com o mercado brasileiro operando em um ambiente de baixa liquidez no pós-Carnaval, os investidores devem ficar atentos aos eventos externos, que continuam sendo os principais catalisadores do mercado. Josias Bento alerta para a necessidade de cautela:

“Essa semana vai ser marcada por ruídos internacionais. O investidor precisa olhar o mercado como uma maratona, não como uma corrida de 5 metros até sexta-feira. O cenário ainda é incerto, especialmente com a expectativa de novos dados econômicos nos Estados Unidos e o desenrolar da guerra na Ucrânia.”

A agenda segue movimentada, com atenção voltada para as negociações entre Trump e Zelensky e para os indicadores econômicos americanos, que podem influenciar as expectativas de juros no país e, consequentemente, o fluxo de capital para mercados emergentes.

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