Brasil pode se beneficiar das tarifas de Trump? Especialista analisa impacto no agro

A recente reafirmação das tarifas comerciais por Donald Trump reacendeu tensões na relação entre Estados Unidos e China. Em resposta, Pequim anunciou medidas retaliatórias, incluindo restrições a importações do setor agropecuário. Diante desse cenário, surgem especulações sobre a possibilidade de o Brasil ampliar sua participação no mercado chinês. No entanto, segundo o analista de economia e política Miguel Daoud, a situação exige cautela.

Em entrevista ao programa BM&C News, Daoud explicou que, embora o Brasil possa ganhar novos mercados, os impactos da disputa comercial vão além do setor agropecuário. “Quando o presidente dos Estados Unidos impõe tarifas a seus principais parceiros comerciais, como Canadá e México, além da China, isso gera um cenário de instabilidade. A confiança nos EUA como parceiro comercial é abalada, e as consequências se espalham pelo mundo“, afirmou.

Efeito dominó na economia global

O analista destacou que a guerra tarifária pode levar a uma retração da economia mundial, com redução na geração de renda e aumento do desemprego. “Estamos observando uma desvalorização do dólar frente a outras moedas, além de quedas expressivas nos preços das commodities, incluindo as agrícolas. Isso indica uma desaceleração global, o que pode impactar negativamente a demanda“, explicou.

Além disso, Daoud alertou que, apesar da possibilidade de o Brasil suprir parte da demanda chinesa, há desafios internos que podem limitar essa expansão. “O governo brasileiro já sinalizou que não aceitará um aumento excessivo da inflação devido à exportação de produtos agropecuários. Inclusive, há discussões sobre a imposição de taxas sobre exportações, o que pode prejudicar o setor“, observou.

Brasil não deve se vangloriar da situação

Embora haja quem enxergue oportunidades para o agronegócio brasileiro, Daoud acredita que todos sairão perdendo nesta guerra comercial. “Se o mundo se tornar uma “favela econômica”, os Estados Unidos ainda serão os mais fortes, mas todos os países sofrerão os impactos. Nos EUA, a alta nos preços pode elevar a taxa de juros, tornando o cenário ainda mais complexo. Para o Brasil, o efeito cascata pode ser negativo, afetando a economia como um todo“, disse.

Diante dessa incerteza, a melhor estratégia, segundo Daoud, é aguardar os desdobramentos antes de tomar qualquer decisão precipitada. “Neste momento, não há motivo para celebrar um possível benefício ao Brasil. A guerra comercial trará consequências adversas, e precisamos avaliar com cautela o impacto real para nossa economia“, concluiu.

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