TMDQA! Entrevista: Amyl and the Sniffers e o direito de falar mal de quem está no poder

Amyl and the Sniffers no clipe de Jerkin'
Divulgação/PHC Films

O Amyl and the Sniffers sabe bem onde está pisando e a mensagem que quer passar com sua música. Isso não quer dizer, é claro, que não dá pra se divertir muito no meio do caminho.

A banda australiana vem conquistando fãs do punk ao redor do mundo com suas músicas rápidas, letras desbocadas e a energia da incrível frontwoman Amy Taylor. Resgatando a melhor fase do estilo, o grupo já conta com vários sucessos no bolso, e lançou no ano passado o aclamado Cartoon Darkness, seu terceiro disco de estúdio.

Nesta semana, o Amyl estreia no Brasil como uma das atrações do Punk is Coming, festival liderado pelo Offspring, e toca nas edições de Belo Horizonte, São Paulo e Curitiba. Além disso, o grupo ainda fará um show solo em SP, no Cine Joia, que já tem entradas esgotadas.

Para celebrar esse momento, conversamos um pouco com Amy e com o baterista Bryce Wilson sobre a expectativa para tocar por aqui, política na música, moda, influência e muito mais.

A militância “divertida” do Amyl and the Sniffers

“Acho que não penso muito no equilíbrio,” foi o que disse Amy ao ser questionada sobre a balança na qual mantém a diversão no palco e as causas que defende. A vocalista, que em outras ocasiões deixou claro que sua música tem como objetivo ajudar as pessoas a se divertirem em tempos difíceis, não tem papas na língua quando se trata de dar voz às suas opiniões durante os shows da banda.

Apesar disso, Taylor deixa muito claro que seu lance não é exatamente militar — mas que também faz parte.

Agora estamos vivendo um momento muito complicado, e isso exige que a gente traga mais política para a música. Mas eu não estou tentando isolar ninguém que não saiba das coisas que eu sei, porque entendo que este é o padrão. De não saber muito sobre questões sociais e nem sobre política porque, bem, o mundo não quer que você saiba. Não somos ensinados na escola ou nas nossas comunidades. Então estou apenas tentado compartilhar informações e tentar elevar a experiência de outras pessoas.

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A vocalista ainda acredita que, por mais que alguns fãs de sua música tenham visões políticas mais voltadas ao conservadorismo, é possível “oferecer uma perspectiva diferente caso isso seja apresentado a eles em um show”. Ela continua:

Muito do que eu sei sobre política, eu aprendi com a música e com outros músicos que me inspiram. Eu ainda estou aprendendo muito, ainda não sei muitas coisas, mas quanto mais eu aprendo, mais eu me sinto obrigada a falar — mas não de uma forma onde eu esteja tentando militar.

Amy Taylor, que atualmente mora em Los Angeles, nos Estados Unidos, ainda chamou Donald Trump e Elon Musk de “dois idiotas do c*ralho”, e reforçou a importância de criar espaços onde “você tenha permissão para falar livremente e negativamente sobre as pessoas que estão no poder”.

Influência australiana e moda nos palcos

Nascidos em uma cena punk efervescente na Austrália — que conta com nomes pra lá de interessantes como The Chats, Dune Rats, Raised as Wolves, Ecca Vandal e mais -, o grupo recentemente cortou o cordão umbilical e ampliou seus horizontes. Agora, parte do Amyl and the Sniffers mora nos Estados Unidos, mas não deixou de carregar consigo elementos do berço australiano.

“A gente não costuma se levar muito a sério”, declarou Bryce ao falar sobre o ambiente musical que formou a banda em seu país natal. O baterista ainda celebrou o “senso de comunidade e camaradagem”, principalmente na cena de Melbourne, e continuou:

É sempre algo mais divertido e casual, e sempre foi divertido fazer parte. Gosto de levar essa atitude australiana comigo ao redor do mundo e aos festivais que tocamos.

Já Amy se divertiu falando sobre o senso de humor de seus conterrâneos, elemento muito presente em suas letras e shows: “nós somos muito atrevidos e fazemos as pessoas rirem”.

Esse humor, inclusive, ultrapassa os limites musicais e influencia também o visual que a banda carrega. Isso porque a vocalista tem aflorado cada vez mais seu lado fashionista, desenhando looks divertidos e incríveis para os shows da banda. Em sua conta no Instagram, Amy Taylor faz questão de exibir cada um deles — já teve sutiã no formato de almofadas de peido, biquini de dente, corset de carrinhos e top de ursinhos.

No nosso papo, Amy afirmou que seus modelitos também servem como uma mensagem sobre a liberdade do corpo feminino.

Não importa o que você está fazendo, a moda sempre será uma maneira de enviar uma mensagem e sinalizar quem somos por dentro. É uma possibilidade a mais de se expressar. Eu, por exemplo, amo usar roupas curtas, e acho que a feminilidade e o corpo feminino geralmente são vistos como um objeto. Mas, quando eu faço isso, é uma maneira de retomar esse controle [sob o meu corpo] e assumir essa propriedade.

Shows no Brasil

Animados com a primeira visita ao nosso país, Amy e Bryce afirmaram que tudo o que ouviram falar sobre o Brasil só os deixou mais ansiosos.

Temos grandes expectativas. Todo mundo com quem conversei me disse que é muito bom tocar aí, muito divertido e muito bonito. Além disso, é muito longe para nós australianos (risos). É muito legal ter essa oportunidade de ir aí.

Como te contamos acima, o show solo que o Amyl and the Sniffers fará em São Paulo, no dia 6 de março, já está esgotado. Ainda é possível garantir ingressos para conferir a apresentação da banda no Punk Is Coming, é só clicar aqui.

A gente também tá animado!

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