Blazer EV mostra o potencial que a Chevrolet tem de fazer carros legais | Avaliação

Faz quanto tempo que você não olha para um carro da Chevrolet no Brasil e não coloca o adjetivo legal nele? Nos últimos tempos, a maioria dos carros da marca apelava para o lado racional, sendo modelos de ótimo custo-benefício e corretos, mas sem o fato uau. As coisas começaram a mudar com a Silverado, mas o Chevrolet Blazer EV que vem para mudar tudo.

Ele foi o primeiro carro dessa nova fase de elétricos da GM e representa muito mais do futuro da Chevrolet do que o passado, apesar de trazer um nome cultuado pelos brasileiros de antigamente. Mas temido pelos meliantes, já que o Blazer é uma das viaturas policiais mais icônicas de todos os tempos.

Vitrine da Apple

Ao olhar os R$ 479.000 que a Chevrolet cobra pelo Blazer EV, assusta. Mas calma, que ele tem atributos para tentar justificar a cifra premium. Começa pelo interior. O nível de tecnologia e refinamento que a GM conseguiu nesse carro é impressionante. E, como ele representa o futuro da marca, Onix, Tracker e Montana vão se beneficiar muito.

interior chevrolet blazer ev
Chevrolet Blazer EV [Auto+ / João Brigato]

O que mais chama a atenção é o conjunto de telas, em que a central multimídia fica um degrau atrás do painel de instrumentos digital, mas as duas se integram elegantemente em uma mesma região. A qualidade de ambas é surreal para uma marca não de luxo, me fazendo sentir em uma loja da Apple.

A qualidade dos gráficos e a simplicidade de uso também são chamativas. O único ponto negativo é que o brilho é sempre forte demais e, ao invés de diminuir a iluminação, ao colocar o brilho no mínimo, o Blazer EV insere um filtro cinza. A central não tem Android Auto e Apple CarPlay. Poderia reclamar disso? Sim, mas senti zero falta.

painel de instrumentos e central multimídia do blazer ev
Chevrolet Blazer EV [Auto+ / João Brigato]

Isso porque ele conta com sistema Google imbutido, no qual já traz Google Maps, Spotify e outros aplicativos. Loguei minhas contas e parecia que estava com o celular ali. O mais interessante é que a integração do Maps traz informações de navegação no painel de instrumentos e no head-up display, além de estimar a carga da bateria no destino.

Qualidade de materiais

Outro ponto no qual o Blazer EV mostra um salto gigantesco em relação aos modelos nacionais da Chevrolet é o acabamento. Toda porção superior do painel é macia ao toque, enquanto materiais contrastantes como suede e couro destacam áreas específicas das portas e também do painel.

ar-condicionado do blazer ev
Chevrolet Blazer EV [Auto+ / João Brigato]

Ele conta ainda com saídas de ar-condicionado com detalhes em vermelho para destacar, junto das costuras vermelhas e azuis – essa parte um pouco exageradas. Destaque ainda para o couro do volante e do console central que não fariam feio em um Cadillac. Os bancos misturam suede, couro e tecido, trazendo esportividade e refino.

Vale o destaque para a presença de comandos físicos para o ar-condicionado, o que ajuda muito no uso diário. Além disso, ter deslocado a manopla de câmbio para a coluna de direção permitiu que o Chevrolet Blazer EV ganhasse um gigantesco console central com duas sessões de porta-objetos fechados, além de porta-copos e porta celular.

cabine do blazer ev
Chevrolet Blazer EV [Auto+ / João Brigato]

Motorista e passageiro contam com regulagem elétrica para os bancos, além de aquecimento e resfriamento. Atrás, há só aquecimento, exceto para os assentos laterais. Todos têm acesso a saídas USB para carregamento de celular, enquanto a indução fica bem no console central.

Espaço farto, mesmo com aperto

O Chevrolet Blazer EV é um SUV baixo, largo, relativamente comprido e com entre-eixos longo. São 4,88 m de comprimento, 1,98 m de largura, 1,65 m de altura e 3,09 m de entre-eixos. Como resultado, o espaço interno é muito farto, menos para a cabeça no banco traseiro. 

Chevrolet Blazer EV vermelho de traseira em um estacionamento com árvores ao fundo
Chevrolet Blazer EV [Auto+ / João Brigato]

O piso plano ajuda a abrigar três passageiros sem nenhum problema. Já o porta-malas leva 436 litros. Ele é raso, mas longo e largo. Ainda conta com um compartimento extra abaixo do tampão. A abertura é elétrica e pode ser feita de forma automática se você estiver com a chave no bolso e ficar parado alguns segundos na traseira do Blazer EV.

É mais do que o esperado

Algo que me surpreendeu muito no Chevrolet Blazer EV é a qualidade de rodagem. Ele é um carro muito sólido, bem construído e que transmite uma sensação refinada. A plataforma, compartilhada com modelos da Cadillac, é bem rígida, fazendo com que, mesmo em torções, ela não ranja (algo comum em carros elétricos por conta do peso excessivo).

Chevrolet Blazer EV vermelho de lado em um estacionamento com árvores ao fundo
Chevrolet Blazer EV [Auto+ / João Brigato]

Essa solidez também passa para a suspensão e direção, que tem pegada mais esportiva que o típico da Chevrolet. O Blazer EV é um carro mais durinho e firme, fazendo curvas de maneira muito ágil sem desgarrar do solo de jeito nenhum. Além disso, a direção é bem rápida e comunicativa – o volante de aro grosso contribuiu para essa condução mais prazerosa.

Essa dinâmica apurada não seria nada se a performance não fosse a contento. O Blazer EV conta com motor elétrico traseiro de 347 cv e 44,9 kgfm de torque. Não é um canhão, mas é mais do que suficiente para te fazer grudar no banco e fazer qualquer ultrapassagem com a mesma facilidade de que uma concessionária da Chevrolet vende um Onix. 

capô do chevrolet blazer ev
Chevrolet Blazer EV [Auto+ / João Brigato]

Ele é muito ágil nas saídas, retomadas e nas curvas, não parecendo ser um SUV tão grande quanto de fato é. Se não prestar atenção em suas dimensões nada discretas, terá a sensação de um comportamento parecido com o de um hatch. A autonomia de 481 km é excelente, mas na vida real passa fácil dos 500 km.

Isso porque o sistema regenerativo do Blazer EV é muito eficiente. E ele vai além com o freio regenerativo sendo acionado por um paddle-shift atrás do volante. Em diversas situações, a depender do trajeto, cheguei ao destino sem gastar bateria ou com 3% a mais de carga do que o Google Maps estipulava que eu teria. 

Chevrolet Blazer EV vermelho de traseira em um estacionamento com árvores ao fundo
Chevrolet Blazer EV [Auto+ / João Brigato]

Tecnologias de condução

Por se tratar de um carro de imagem para a Chevrolet, é claro que o Blazer EV vem lotado de tecnologia. Algumas valem destaque, como o piloto automático adaptativo que funciona bem, mas ainda não é o Super Cruiser que a GM dispõe lá fora. Os alertas de condução são exagerados e, ao menor sinal de que alguém vai atravessar a rua, o Blazer acha que você vai atropelá-lo. 

É possível deixar os alertas sonoros e visuais ou através de vibrações no banco – confesso que a segunda opção foi prontamente desativada porque mais me assustava do que alertava. Falta sensor de estacionamento dianteiro no SUV, mas ele tem ótimas câmeras 360°. Além disso, o freio eletrônico não engata automaticamente ao colocar o câmbio em P.

Chevrolet Blazer EV vermelho de frente em um estacionamento com árvores ao fundo
Chevrolet Blazer EV [Auto+ / João Brigato]

De série, o Chevrolet Blazer EV conta com frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres, chave presencial, ar-condicionado digital de duas zonas, retrovisores elétricos com rebatimento (e um irritante zoom no espelho esquerdo), conexão 4G embarcada, alerta de ponto cego, alerta de tráfego cruzado, faróis full-LED com acendimento automático.

Há ainda indicador de fadiga, sistema de segurança que impede que você dirija o Blazer EV se não estiver de cinto de segurança (inclui o passageiro dianteiro), teto solar panorâmico, sistema de som Bose de excelente qualidade, wi-fi, retrovisor fotocrômico com câmera auxiliar, rodas de liga-leve de 21 polegadas e volante com ajuste de altura e profundidade.

roda de liga-leve do chevrolet blazer ev
Chevrolet Blazer EV [Auto+ / João Brigato]

Veredicto

Encare o Chevrolet Blazer EV como uma grande vitrine. Ele mostra quão bom será o futuro da marca da gravata dourada, tanto no quesito visual, quanto em tecnologias e até no refinamento de construção. Ele é um vislumbre palpável do que virá daqui para a frente. Mas, como compra, fica complicado.

Afinal, apesar de ser um excelente carro, segue o mesmo problema que Bolt e Bolt EUV tinham: custa mais caro do que deveria. Nessa faixa de quase meio milhão de reais, fica complicado vender um carro elétrico sem o símbolo de uma marca de luxo. Veja a Ford, que não consegue emplacar o Mach-E no Brasil pelo mesmo motivo.

Chevrolet Blazer EV [Auto+ / João Brigato]

Se o Blazer EV fosse um Cadillac ou até um Buick, a construção de imagem de marca de luxo faria jus ao preço de R$ 479 mil cobrados. Agora, por ser um Chevrolet, o brasileiro vai reclamar que está pagando o preço de marca de luxo em um carro de uma fabricante generalista. Se custasse R$ 100 mil a menos, seria imbatível. Porque ele é um ótimo carro.

Você teria um Chevrolet Blazer EV? Conte nos comentários.


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