Exportação de carne de frango deve crescer com crise de gripe aviária, segundo ABPA

A exportação de carne de frango avançou 10% no mês de janeiro em relação ao ano anterior, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Para a instituição, a alta de embarques deve seguir ao longo do ano devido ao agravamento da Influenza Aviária em diversos países.

A situação em outros exportadores, como os Estados Unidos (EUA), tende a impulsionar a demanda global pelo frango brasileiro. A valorização do produto brasileiro no mercado externo se reflete no avanço de 20,9% na receita das exportações em janeiro, superando o crescimento do volume embarcado.

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As projeções iniciais da ABPA para o ano indicam que as exportações brasileiras de carne de frango devem alcançar 5,4 milhões de toneladas em 2025, um crescimento de 1,9% em relação ao ano anterior. Mas o novo cenário pode surpreender, já que o mês de fevereiro também deve crescer acima do previsto. 

No mercado interno, a ABPA considera que o setor segue em equilíbrio, impulsionado pela alta demanda doméstica pelo produto. Com a virada no ciclo no boi e a alta da carne bovina, o consumidor tende a recorrer a proteínas alternativas como o frango.

A ABPA prevê a produção nacional alcançando até 15,3 milhões de toneladas em 2025, um avanço de 2,7% em relação ao ano anterior, enquanto a disponibilidade interna está projetada para 9,9 milhões de toneladas, crescimento de 2,1%. 

Safra de soja pode reduzir custos de produção do frango

Em termos de custos de produção, o cenário é positivo para alguns insumos, em especial, no caso do farelo de soja. Com estoques mundiais elevados e a projeção de uma colheita histórica acima de 170 milhões de toneladas no Brasil, o complexo soja deve ajudar a equilibrar os custos de produção do setor.

De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Ciências Aplicadas (Cepea), em janeiro houve retração do preço do farelo de soja na maior parte das regiões monitoradas. Em praças do Oeste do Paraná, a queda supera 13% na comparação com janeiro de 2024. Em outras localidades, como Ijuí (RS), e Passo Fundo (RS), as retrações de preço superam 20%.

De acordo com o presidente da ABPA, Ricardo Santin, as agroindústrias e cooperativas do setor também têm boas expectativas sobre a produção de milho, especialmente em relação à safrinha, que não deve enfrentar atrasos graças ao bom andamento da colheita de soja. 

“O setor não prevê problemas no acesso aos insumos neste ano. Conforme os levantamentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o estoque de passagem de milho para o ano deve ser superior ao registrado em 2024. Diversas consultorias têm indicado que produção total deve ultrapassar 130 milhões de toneladas, favorecendo a previsibilidade no custo da ração”, diz Santin.

Crise de gripe aviária em diversos países

Desde o dia 1° de janeiro, mais de 34 países já registraram focos de Influenza Aviária, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Apenas nos EUA, são mais de 60 focos ativos, além de 64 focos no Reino Unido, 76 na Alemanha, 40 na Polônia e 36 focos nos Países Baixos

O surto da doença nos EUA, principal concorrente do Brasil no mercado internacional, tem reduzido a disponibilidade de ovos de consumo, gerando influências, inclusive, no mercado de carnes

Além disso, países tradicionalmente exportadores, membros da União Europeia, também registraram casos, restringindo ainda mais o comércio global de carne de frango. No caso da União Europeia, as vendas de 2024 são menores em relação ao realizado quatro anos atrás.

“A conjuntura internacional está reforçando o papel do Brasil como um fornecedor de carne de frango essencial para diversos mercados. A pressão da Influenza Aviária sobre a oferta global tem direcionado mais importadores ao produto brasileiro, e esse movimento deve se intensificar ao longo do segundo semestre, período historicamente mais forte para as exportações”, afirma Santin.

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