Salários em bares e restaurantes batem recorde, mas setor enfrenta dificuldades financeiras

Os salários médios pagos aos trabalhadores de bares e restaurantes no Brasil atingiram R$ 2.194 no 4º trimestre de 2024 (outubro, novembro e dezembro), segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgada pelo IBGE em fevereiro.

Esse valor representa o terceiro recorde consecutivo, mostrando uma tendência de valorização da mão de obra no setor de alimentação fora do lar.

Apesar do aumento na remuneração, o nível de emprego se manteve estável, com 5,63 milhões de pessoas ocupadas no segmento de Alojamento e Alimentação, do qual bares e restaurantes representam cerca de 85% das vagas.

Para Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel, o crescimento salarial reflete a dificuldade em atrair e reter mão de obra qualificada, especialmente em regiões onde o turismo e o entretenimento dependem diretamente desses profissionais.

“Os empresários entendem que pagar melhor é essencial para formar equipes comprometidas e preparadas. Mas, ao mesmo tempo, o setor opera com margens apertadas, e esses reajustes salariais pesam no caixa das empresas”, afirma Solmucci.

Amazonas: cenário parecido

No Amazonas, bares e restaurantes também enfrentam esse desafio duplo: pagar mais para manter equipes, mesmo lidando com aumento nos custos operacionais e restrições de orçamento.

Rodrigo Zamperlini, presidente da Abrasel no Amazonas, destaca que a falta de mão de obra qualificada é um problema histórico do setor no estado.

“Quem tem experiência e boa formação rapidamente migra para setores com remuneração ainda maior, como indústria e comércio. Com isso, os bares e restaurantes precisam disputar esses profissionais com salários mais altos”, explica Zamperlini.

Empresas no vermelho e dívidas em alta

Apesar da valorização salarial, a pesquisa da Abrasel revela que 25% das empresas do setor operaram no vermelho em janeiro de 2025, um aumento de 7 pontos percentuais em relação a dezembro de 2024.

Além disso, 40% das empresas relataram dívidas em atraso, principalmente relacionadas a impostos e empréstimos bancários.

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