Nova companhia aérea no Brasil é sinal de redução de preço nas passagens? Entenda

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou a operação de uma nova companhia aérea no Brasil, a Avion Express Brasil. No entanto, ao contrário do que muitos podem imaginar, essa novidade não deve impactar diretamente o preço das passagens para os passageiros.

Isso porque a empresa não venderá bilhetes ao público, mas sim oferecerá, por um tempo determinado, aeronaves e tripulação para outras companhias, em um modelo de negócios chamado ACMI (sigla para aeronave, tripulação, manutenção e seguro, em inglês).

Esse formato permite que empresas aéreas enfrentem alguns dos desafios pelos quais vem passando como a falta de aeronaves e de profissionais, alugando aviões já prontos para operação com toda a equipe necessária.

Dessa forma, as companhias que contratam esse serviço podem ampliar ou manter suas operações sem precisar comprar novas aeronaves ou contratar mais tripulantes.

Esse modelo já é utilizado em outros países e pode ajudar as empresas a atenderem picos de demanda ou situações emergenciais, como a manutenção inesperada de aeronaves.

Apesar dessa nova alternativa para as companhias, os passageiros não devem esperar uma queda nos preços das passagens.

Isso porque os principais desafios do setor continuam os mesmos: os custos operacionais são elevados, e a maior parte das despesas das empresas aéreas está atrelada ao dólar, como o combustível, o que impacta diretamente o valor final das tarifas.

Ao RealTime1, Ycarim Melgaço, pós-doutor em Economia e professor do Curso de Ciências Aeronáuticas da PUC, destaca que as empresas não possuem caráter social.

“As empresas vão precisar se reorganizar e focar nas rotas mais rentáveis. O que está no DNA dessas companhias? Rentabilidade e atender aos acionistas. Se há receita e lucratividade, mantém o voo. Se não há, corta ou sobe o preço. Essa é a regra do mercado”, afirma o especialista.

Nos últimos meses, as companhias aéreas já vêm enfrentando dificuldades com a alta do dólar e a escassez de aeronaves e tripulação. Essa realidade tem levado ao corte de rotas menos rentáveis e ao encarecimento das passagens.

A chegada da Avion Express Brasil pode ajudar a reduzir problemas operacionais, mas não altera os custos estruturais que pressionam o mercado.

A expectativa é que a nova companhia inicie suas operações ainda no primeiro trimestre de 2025, com até dez aeronaves da família Airbus A320. O plano é expandir para 25 aviões até 2028.

“Com o setor de aviação experimentando mudanças cíclicas de demanda, nossas soluções [em ACMI] fornecerão às companhias aéreas brasileiras a flexibilidade de que precisam para otimizar suas operações. Estamos confiantes de que nossos serviços ajudarão a preencher as lacunas de capacidade”, destaca a Avion Express em nota.

Com sede em Indaiatuba (SP), a empresa vê a América Latina como um mercado em crescimento e já tem operações em países como México e Argentina.

Desde meados do ano passado, a Avion Express Brasil é liderada pelo engenheiro argentino Esteban Jauregui Lorda, que iniciou sua carreira na Aerolíneas Argentinas e acumulou experiência na Avianca Colômbia e na Gol.

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