Ibovespa ‘ignorou’ o IPCA-15? Mesmo com alta de 1,23% na prévia da inflação, bolsa sobe 5% em 2025

O IPCA-15 de fevereiro registrou a maior alta para o mês desde 2016. No período, o índice, que mede a prévia da inflação, registrou um aumento de 1,23% nos preços. 

Em comparação com janeiro, os dados apresentados pelo IBGE na última terça-feira (25) representam uma alta de 1,12 ponto percentual (p.p.).

No período, o grupo que apresentou maior impacto foi o de habitação (4,34%), impulsionado pela energia elétrica residencial que saltou 16,33%

Também houve alta no setor de educação (5,69%), justificada pelos reajustes sazonais que costumam acontecer no início do ano letivo. 

Já no grupo de alimentos e bebidas, a alta de 0,61% representou uma desaceleração  em comparação com janeiro (1,06%). Contudo, alguns ativos em específico, como cenoura (17,62%) e café moído (11,63%), apresentaram uma variação expressiva. 

A prévia da inflação é acompanhada pelos mercados para alinhar as expectativas em relação ao IPCA. Assim, a conclusão de que os preços continuam acelerando costuma gerar uma reação negativa nos mercados. 

Mas parece que o Ibovespa está disposto a manter o otimismo. No ano, o índice registra uma alta de 5%. Isso porque, neste momento, outro fator está animando o mercado. 

IPCA-15 não é o principal fator no radar dos mercados agora

No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 já registra uma alta de 4,96%. Ou seja, 0,46 p.p. acima do teto da meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Assim, na expectativa do mercado, a inflação deve continuar elevada ao longo do ano. O Relatório Focus desta semana apontou para um IPCA de 5,65% em 2025 na  19º semana seguida de alta.

Junto a isso, a Selic — que atualmente está em 13,25% ao ano — deve continuar subindo. O Banco Central já indicou uma alta de 1 ponto percentual na reunião de março. Além disso, o mercado projeta juros de 15% até o fim do ano.

Diante desse cenário, não seria nenhuma surpresa se, à essa altura, o Ibovespa já estivesse apresentando um desempenho negativo.

Contudo, não é bem isso que está acontecendo.

No dia em que o IBGE divulgou os dados do IPCA-15, o principal índice da bolsa encerrou o pregão com alta de 0,46%

O comportamento parece atípico mas, no início do mês, Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research já havia sinalizado que esse ambiente de inflação e juros altos não deveriam ser um grande obstáculo para os ativos de risco. 

Em entrevista ao Giro do Mercado — programa do Money Times –, ela explicou que a principal justificativa seria o fato de que o mercado já havia precificado esse cenário. 

Ou seja, boa parte da queda do Ibovespa no final do ano passado já incluía a perspectiva do mercado sobre uma Selic mais alta neste ano.

Além disso, a analista citou a possibilidade de troca política em 2026. Essa tem sido uma narrativa recorrente entre analistas, gestores e especialistas da Faria Lima. 

Diante do contexto macroeconômico, a popularidade do presidente está em queda, o que leva muitos a acreditarem que Lula possa ser substituído por um governante mais pró-mercado na próxima eleição. 

E, assim como o mercado precificou os juros a 15% no final de 2024, o desempenho do Ibovespa neste momento é uma resposta a uma possível mudança de governo em 2026. 

Contudo, a analista alerta que o investidor precisa ser estratégico na escolha dos ativos. Afinal, estamos falando de um mercado emergente, que costuma apresentar muita volatilidade em cenários de juros altos e inflação persistente. 

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Embora o mercado esteja reagindo positivamente à mudança de governo em 2026, Quaresma aponta que haverá turbulências no caminho. 

Nesse sentido, a analista aponta que o investidor deveria apostar em: 

  • Empresas resilientes às variáveis macroeconômicas; 
  • Com baixa alavancagem; 
  • Com capacidade de repassar custos; e 
  • Que tenham receita dolarizada. 

Assim, a Carteira 10 Ideias comandadas pela analista contém ativos com essa característica e que estão em um bom momento de compra agora. 

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