Brandão, GR6 e Matuê: entenda discussão que gerou racha entre o trap e o funk

Brandão em polêmica
Foto: Karl Berge/Divulgação

O rapper cearense Brandão lançou, na última quinta-feira (20), um single intitulado “Espinafre”. A música, que deveria ser uma celebração pelo fato de ser o seu primeiro lançamento na 30PRAUM em 2025, se transformou em polêmica, ao trazer versos que soaram como ataques ao funk.

Na música, Brandão canta: “Trap no Brasil tá ficando chato, depois que esses funkeiro veio, é só ladeira abaixo”. A partir disso, as horas seguintes foram de muito barulho entre artistas e público, que questionaram os versos do rapper.

Nomes grandes da indústria do funk como MC GP, MC Tuto, MC Brinquedo, MC Daniel, MC PH e Rodrigo Oliveira, empresário e fundador da GR6, o maior selo de funk da América Latina, se pronunciaram nas redes sociais e atacaram o artista da 30PRAUM.

Repercussão

Um dos primeiros a se pronunciar sobre a música foi MC GP. O funkeiro lamentou o verso e disse que chegou a ajudar Brandão no começo da carreira. “Ele me deu salve pedindo dinheiro quando teve problemas com a Hash (antiga gravadora do rapper). Nós, do funk e que também faz trap, que te ajudamos. Chega devagar e respeita o movimento da rapaziada que está na luta.”

MC Daniel também questionou a música e, através das redes sociais, chamou o cantor de “imaturo”. “Ele tem a mente atolada. Não tem maturidade como homem, nem como artista. Esse despreparo vai fazer se frustrar e ser jogado pra trás.”

Até o rapper Oruam entrou na discussão, através de um stories: “Matuê, tira o Brandão da 30. Ele tá ferrando a sua empresa”. Entretanto, o artista também recebeu o apoio de colegas da cena. O rapper cearense Mago de Tarso rebateu as repostas dos funkeiros.

“As maiorias dos funkeiros são assim: passar pano para um mano que expôs a sua opinião (emoji sinal negativo). Passar pano para MC que agride a mulher grávida (emoji de sinal positivo)”, escreveu ele, relembrando caso de agressão envolvendo o cantor MC Ryan SP.

Boicote contra Brandão

A ação mais contundente aconteceu nas primeiras horas da polêmica. O dono da GR6, junto com outros empresários do movimento, iniciaram um boicote contra o rapper para cancelar seus shows em São Paulo.

Rodrigo G6 prometeu que Brandão não cantaria mais em São Paulo, caso a música não fosse retirada das plataformas digitais. “Acabou a carreira dele, ninguém falou pelo funk, mas eu falo. Meus artistas não cantam onde ele estiver. Um show dele já caiu, vai bater de contra o Sistema?”

Na sequência, o empresário exigiu uma retratação por parte de Matuê, fundador da 30PRAUM. “Coloca a cara, tá achando que é estrela? Coloca ordem na sua casa. Se posiciona, Matuê. Tira a musica desse mano do ar”.

Ainda teve diss

Na noite da sexta-feira (21), MC Brinquedo e o rapper Caio Luccas se uniram e lançaram uma diss contra Brandão. Intitulada “FDS seu trap gringo”, a faixa também atacava o rapper e produtor WIU, integrante do selo musical cearense.

Com versos afiados, Brinquedo e Caio Luccas afirma que o rapper não tem liberdade artística devido ao seu contrato com uma gravadora, e ainda acusam Brandão de copiar o cantor norteamericano Don Toliver.

“Você tem contrato com gravadora, nem faz o que quer. Um branco te oprime. Se eles são 30 pra um, nós temos 70 no pente. Se Deus é por nós, me diz quem vai ser contra a gente”, canta MC Brinquedo em um dos versos.

O funk estragou o trap?

Se por um lado muitos artistas resolveram atacar o autor da música, por outro vários nomes do rap nacional entraram no debate de uma outra forma: mostrando como o funk e o trap brasileiro são culturas que precisam ser valorizadas.

Um dos comentários que se destacou em meio à polêmica foi do cantor Puterrier. “Quando o funk estava em ‘baixa’, vários [migraram] pro trap. Agora os [caras] querem criar rivalidade sem nexo, sendo que estamos no Brasil. A meta é valorizar nossa cultura, a união entre os ritmos só fortaleceu. Claro que como tudo na vida tem ponto positivo e negativo, mas coisas tem que existir e evoluir.”

DJ Zegon, integrante do Tropkillaz, lamentou a bola de neve que virou o debate. “O rapaz mirou num alvo e atingiu vários juntos. ‘Generalizar’ o funk não acho feliz. O trap atacar o funk, nem vice e versa não é o caminho, quantos anos demorou pra ter o som das ruas no topo? Ou vocês preferem o sertanejo lá? Aliás, o funk deu aula pra todos estilos de música urbana do Brasil.”

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