Conservadores alemães vencem eleições, extrema-direita cresce, mostra boca de urna

Os conservadores da oposição alemã venceram as eleições nacionais neste domingo (23), colocando o líder do partido Friedrich Merz no caminho para ser o próximo chanceler do país, enquanto a Alternativa para a Alemanha, de extrema-direita, ficou em segundo lugar, seu melhor resultado de todos os tempos, mostraram as pesquisas de boca de urna.

Após uma campanha marcada por uma série de ataques violentos e intervenções do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o bloco conservador CDU/CSU obteve 28,5% dos votos, seguido pelo AfD com 20%, segundo pesquisa de boca de urna publicada pela emissora pública ZDF.

Merz, que tem 69 anos, não possui experiência anterior no executivo, mas prometeu exercer maior liderança do que o chanceler Olaf Scholz e estabelecer maior contato com os principais aliados, ampliando o protagonismo da Alemanha no coração da Europa.

Um liberal econômico impetuoso que deslocou os adversários conservadores para a direita, ele é considerado a antítese da ex-chanceler conservadora Angela Merkel, que liderou a Alemanha por 16 anos.

No entanto, sem uma maioria em um cenário político cada vez mais fragmentado, seus correligionários conservadores terão que sondar parceiros para formar uma coalizão.

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Essas negociações serão certamente complicadas após uma campanha que expôs fortes divisões sobre o tema imigração e como lidar com a AfD em um país onde a política de extrema-direita carrega um estigma particularmente forte devido ao passado nazista.

Isso poderia deixar Scholz em uma função de primeiro-ministro interino por meses, atrasando as políticas urgentemente necessárias para reviver a maior economia da Europa após dois anos consecutivos de contração e enquanto as empresas do país enfrentam dificuldades contra as rivais globais.

A situação também criaria um vácuo de liderança no coração da Europa, mesmo com o país lidando com uma série de desafios, como a ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de uma guerra comercial e a tentativa de acelerar um acordo de cessar-fogo para a Ucrânia sem o envolvimento das potências europeias.

A Alemanha, que tem uma economia voltada para a exportação e há muito tempo depende dos Estados Unidos para sua segurança, se encontra particularmente vulnerável.

Os alemães estão mais pessimistas em relação a seus padrões de vida agora do que em qualquer outro momento desde a crise financeira de 2008.

As atitudes do governo em relação ao tema imigração também se endureceram, uma mudança profunda no sentimento do público alemão desde a cultura “Refugiados bem-vindos” durante a crise migratória da Europa em 2015, algo que a AfD tirou proveito eleitoral.

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