Margareth Menezes reflete sobre legado nos 40 anos da Axé Music: “sempre questionei o lugar da representação”

Margareth Menezes reflete sobre seu legado nos 40 anos do Axé Music:
Foto: Diogo Andrade/Divulgação

Mesmo com uma agenda ocupada por diversos compromissos do Ministério da Cultura, a ministra e também cantora Margareth Menezes não abandona o Carnaval de Salvador.

A cantora baiana, que é uma das principais representantes do Axé Music, não poderia ficar de fora da tradicional festa — principalmente este ano, em que o gênero musical que reúne elementos de diversos estilos está completando 40 anos de história.

Na última sexta-feira (14), Margareth realizou um evento no Palacete Tira-Chapéu, no Centro Histórico de Salvador, e o TMDQA! esteve lá acompanhando de perto o lançamento do seu Trio da Cultura. A festa irá integrar a programação do circuito Dodô (Barra-Ondina) pelo segundo ano, no dia 1º de Março, em pleno sábado de Carnaval.

Depois de ter homenageado Gilberto Gil e ter recebido o cantor Chico César como convidado do Trio no ano passado, este ano Maga fará durante o desfile uma homenagem a Mateus Aleluia. A artista descreveu um dos fundadores do Os Tincoãs como um dos “grandes mestres da nossa cultura”. O trio também contará com participações especiais de Fafá de Belém e da cantora angolana Pongo, conhecida, segundo a Margareth, como a “rainha do kuduro”.

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Margareth Menezes anuncia o Trio da Cultura e reflete sobre os 40 anos do Axé Music

Durante o evento foi apresentado um trecho da peça “Chame Gente” e, em seguida, um pocket show de Margareth Menezes. Nele, ela cantou seus clássicos “Faraó” e “Elegibô”, e sua nova música mais de trabalho, “Ramalhete de Flor”.

Ao falar com os convidados e a imprensa presente, a ministra afirmou que seu trio será sem cordas e que estará aberto para receber outros artistas que queiram se apresentar com ela:

“Festejar a vida é o mais importante nesse momento do Carnaval. Promover encontros, eu gosto de compartilhar o palco e vamos ter recheios, mas, principalmente, sempre trazendo aderência de representações da cultura popular.”

Ao ser questionada pelo TMDQA! sobre a importância da sua presença no circuito do Carnaval de Salvador e do seu legado para a história do axé, Margareth relembrou seu papel fundamental para o reconhecimento dos blocos afros e o surgimento do afropop:

“Como na escola nós não encontramos cursos de música, não temos essa parte como todas as outras matérias. A gente aprende na luta e, depois, sai da escola básica e vai para a universidade para ser maestro. Isso é uma falta que faz, e naquela época, menos ainda.

Então, eu sempre fui muito intuitiva na minha carreira, enfrentando as dificuldades que todo mundo sabe como é difícil a vida de artista, mas, como mulher negra, ainda mais. E, ainda mais, com a irreverência que eu tinha. Eu sempre fui assim. Sempre questionei o lugar da representação, sem nem saber que era isso que estava identificando, mas com o objetivo de prestigiar também os artistas negros, dar destaque ao que os blocos afros faziam. Isso foi minha irreverência. Em alguns momentos apanhei também por causa disso, mas acho que valeu a pena, porque eu estava ali questionando: por que não? Por que a Banda Mel é uma maravilha e a gente não tinha o mesmo destaque que outras bandas? Por que a visão comercial, a visão do mercado naquele momento não absorvia da mesma forma?

Então, eu questionava: cadê o lugar do Lazzo (Matumbi)? Cadê o lugar do Olodum? Cadê o lugar do Mestre Neguinho do Samba? Cadê o destaque dessas pessoas que tanto contribuíram com a música? Aí eu criei o movimento afropop brasileiro, levei para a Barra, e aí foram seis blocos afros comigo: Muzenza, Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Olodum, Malê de Balê e teve mais um que foi comigo também.

Nós fizemos, durante alguns anos, o movimento afropop na Barra. Eu levei esse movimento afropop também para o Festival de Verão. Sempre procurando criar destaque para a gente, apreciar e fortalecer esse outro lado afro que tanto contribui para a construção dessa música contemporânea que passou a ser chamada de axé music.”

Além do Trio da Cultura, Margareth também confirmou que no dia 27 de fevereiro ela será homenageada no Bloco dos Mascarados, bloco puxado por Maga durante muitos anos e que este ano será comandado por Tatau (ex-Araketu).

Já no dia 28 ela irá se apresentar no Camarote Baiano e no último dia oficial do Carnaval, a ministra estará em Fortaleza, onde participará de uma homenagem aos 40 anos do Axé Music.

Aquecendo para o Carnaval, a artista realizou o show Maga Convida Axé 40 Anos, em que ela recebeu no palco do Candyall Guetho Square, em Salvador, outras lendas do Axé Music como Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Carlinhos Brown para um show emocionante.

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