Cidade de 15 minutos: o futuro da mobilidade ou uma utopia para o Brasil?

Imagine uma cidade onde tudo o que você precisa está a, no máximo, 15 minutos de casa, seja a pé ou de bicicleta.

Sem perder horas no trânsito, sem depender de longos deslocamentos de carro ou transporte público lotado. Esse é o conceito da “cidade de 15 minutos”, uma proposta urbana que vem ganhando espaço no mundo e levantando debates sobre sua viabilidade no Brasil.

A ideia surgiu com o urbanista franco-colombiano Carlos Moreno e foi adotada por diversas cidades europeias, como Paris, que tem investido fortemente em ciclovias, ruas compartilhadas e descentralização de serviços.

Na prática, isso significa redesenhar as cidades para que escolas, supermercados, hospitais, espaços de lazer e até locais de trabalho estejam sempre próximos das residências, reduzindo a necessidade de grandes deslocamentos diários.

O Brasil e o tempo perdido no trânsito

O Brasil, no entanto, parece caminhar na direção oposta. A urbanização acelerada e desordenada ao longo das últimas décadas resultou em grandes metrópoles com bairros dormitórios distantes dos centros econômicos.

Mais de um terço dos brasileiros das grandes cidades passam mais de uma hora por dia no trânsito. É o que mostra pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), segundo a qual 8% da população gasta mais de 3 horas se locomovendo para realizar atividades de rotina, como trabalho e estudo; 7% ficam entre 2 e 3 horas por dia no trânsito e 21% entre 1 e 2 horas, totalizando 36% das pessoas que passam mais de 1 hora diária no transporte.

Essas horas perdidas impactam diretamente a qualidade de vida da população. Menos tempo para a família, para o lazer, para o descanso e até para atividades produtivas.

É possível aplicar o conceito de cidade de 15 minutos no Brasil?

Embora desafiador, o conceito não é impossível de ser implementado no Brasil, mas exigiria uma reestruturação urbana profunda.

Algumas cidades já começam a adotar iniciativas inspiradas no modelo, ainda que timidamente. Curitiba, por exemplo, tem investido na descentralização dos serviços públicos e na expansão do transporte coletivo eficiente.

Em Recife, o bairro Porto Digital tenta combinar moradia e trabalho em um mesmo espaço, reduzindo a necessidade de deslocamentos.

Especialistas apontam que a criação de bairros mais autossuficientes, com infraestrutura completa e acessível, seria um primeiro passo.

No entanto, isso exige planejamento urbano integrado e, principalmente, vontade política para promover mudanças estruturais.

Menos carros, mais qualidade de vida

Se bem implementado, o conceito da cidade de 15 minutos poderia transformar radicalmente a vida nas grandes metrópoles brasileiras.

Menos tempo no trânsito significaria mais tempo para atividades pessoais e menos dependência de veículos motorizados.

Além disso, a redução do fluxo de carros diminuiria a poluição, tornando as cidades mais saudáveis e agradáveis para seus moradores.

O modelo não se trata apenas de reduzir deslocamentos, mas de repensar a forma como as cidades são construídas, priorizando o bem-estar das pessoas. Se será possível aplicá-lo amplamente no Brasil, ainda é uma incógnita.

Mas uma coisa é certa: o tempo perdido no trânsito já não cabe mais na vida moderna, e soluções inovadoras são urgentes para mudar essa realidade.

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