Como será o amanhã do Plano Safra 2025/2026?

Estamos às vésperas dos festejos do carnaval de 2025. Pandeiros, cuícas, agogôs e tamborins já no famoso “esquenta” vão dando o tom para as últimas avaliações e ajustes que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que anda fazendo consultas às entidades representativas do agronegócio.

O Mapa procura colher sugestões para a elaboração do Plano Safra, está preocupado em apresentar visando a equalização orçamentária dos juros para o financiamento da próxima safra.

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Em ritmo de desarranjo fiscal do governo e taxa Selic a 13,25% ao ano

E para o samba não atravessar na avenida, nessa antevéspera da folia momesca, estive em Brasília nesta semana para palestrar em um evento que versava exatamente sobre as perspectivas dos líderes do setor para o ano de 2025, tentando debater um pouco o cenário para o próximo Plano Safra e outros temas relevantes do agronegócio brasileiro

Enquanto várias dúvidas assaltavam as mentes e permeavam os debates entre os participantes do seminário Welcome Agro 2025, principalmente por conta do turbilhão de emoções que os produtores rurais e players de mercado estão tendo de enfrentar para colher nesse ano, estávamos fazendo exercício de futurologia para a safra do ano que vem (2025/2026), uma vez que a atual já está sendo colhida a todo vapor.

Em minha fala, defendi que mesmo com as expectativas com a ótima safra que vem por aí e de alguma recuperação do setor por conta da produção e preços dos principais produtos agropecuários de nossa pauta de exportações, ainda temos desafios importantes, conjunturais e estruturais em termos macro e microeconômicos, principalmente, orçamentários, políticos e até de má utilização de ferramentas como a “Recuperação judicial do produtor rural” por alguns outros players do mercado para transpor até chegarmos na equalização de taxas de juros para o Plano Safra 2025/2026

Ainda que se aponte um aumento do PIB do setor para 2025, por conta dos números de produtividade e dos preços de mercado dos produtos agropecuários, a Selic a 13,35% com expectativa altista para cerca de 15% por cento ao ano, como estimam algumas fontes de mercado, ainda causa um certo desconforto para quem investe ou planeja investimentos no campo.

O desafio da equalização dos juros e o financiamento privado ao agro

Nesse contexto, entendemos que a solução, como temos insistido daqui dessa coluna, passa mais uma vez pelo financiamento privado ao agronegócio brasileiro, na medida em que a restrição orçamentária se faz sentir cada vez mais, com o déficit fiscal projetado pelo governo e por analistas de mercado e pelo próprio aumento dos juros básicos diante da necessidade primária do governo federal de fechar as suas contas mais elementares.

É que com o cerca de R$ 1 trilhão de financiamento privado, segundo o próprio Mapa além do aumento da captação nos Fiagros (o dobro em relação ao ano passado), a despeito das incertezas trazidas pela reforma tributária especialmente a Lei Complementar n. 214/25, com o veto presidencial que manteve os Fiagros na reforma tributária do consumo, o Governo Federal olha cada vez mais para o mercado financeiros e de capitais como a saída para o financiamento da safra 25/26, o que vem se desenhando desde a mudança de paradigma iniciada com a Lei do Agro de 2020.

Nesse particular, inclusive, podemos dizer que a tendência é que a necessidade de recursos controlados e de equacionamento orçamentário para os repasses, a despeito da alta da Selic, em termos de valores absolutos não deve ser muito diferente do que tivemos no último Plano Safra 24/25.

Porém, é necessário que se revejam alguns paradigmas, principalmente, a regulação das LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) que com a Resolução n. 5119 de 1º de fevereiro de 2024, do CMN (Conselho Monetário Nacional), objeto da nossa coluna de 20 de fevereiro do ano passado, passou a ter algumas restrições para emissão e, portanto, a captação de recursos privados para o agronegócio.

“Responda quem puder”

Como na música da cantora Simone, sucesso de vários carnavais, os produtores rurais, o mercado e os empresários do campo se perguntam: Como será o amanhã? Como vai ser o destino?

Não podemos, como na música, ir à cigana para que ela leia para nós o nosso destino, o destino do agronegócio brasileiro que ao longo dos anos tem ido muito bem, obrigado.

No entanto, para se manter nesse nível de produtividade, crescimento e perspectivas positivas, precisamos analisar contextos de mercado, regulação e as informações disponíveis para traçar cenários que possam nos levar à recuperação paulatina dos financiamentos e bons negócios no setor, principalmente com as boas notícias que a nova safra tem nos trazido dos campos todos os dias.

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